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Fórum Médico exige pedido de desculpas público e rejeita recuo décadas na qualidade do SNS

Em reunião extraordinária, o Fórum Médico – que reúne as principais estruturas representativas dos médicos a nível nacional –  analisou as declarações do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor e exigiu uma retratação pública por considerar que foram ofensivas para os milhares de profissionais que, mesmo com falta de condições, continuam a dar o seu melhor para cuidar dos portugueses e defender a sua saúde. Em causa estão as afirmações de Manuel Heitor que, em entrevista ao Diário de Notícias, defendeu uma forma “simples” de suprir a alegada falta de médicos: formando profissionais com menor qualidade e maior rapidez! As palavras exatas, que viriam a provocar não apenas o repúdio dos especialistas em Medicina Geral e Familiar mas sim de todos os médicos e de muitos doentes, foram: “Para formar um médico de família experiente não é preciso, se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação, que um especialista em oncologia ou um especialista em doenças mentais”. Manuel Heitor pôs assim em causa décadas de evolução da medicina portuguesa e ignorou totalmente o facto dos Cuidados de Saúde Primários serem a porta de entrada no sistema de saúde. Em comunicado, o Fórum Médico deixou clara a absoluta rejeição a qualquer medida que venha pôr em causa a qualidade da formação que temos e da qual nos devemos orgulhar. As palavras do ministro demonstram, aliás, o desconhecimento da realidade e traduzem a forma como a qualidade do ensino não parece ser relevante para o Ministro do Ensino Superior. Com esta proposta de criação de médicos de especialistas de primeira e de segunda qualidade, pretendia-se disfarçar o facto da tutela não ter soluções que tornem o Serviço Nacional de Saúde (SNS) atrativo para os jovens médicos que se formam todos os anos e que, cada vez mais, optam por exercer no setor privado ou até por emigrar. O bastonário da Ordem dos Médicos lamenta que os médicos não queiram trabalhar no setor público por se sentirem mal tratados e, em nome de todas as instituições representadas no Fórum Médico, exige, além da retratação pública do ministro, uma clarificação por parte do governo e da tutela do setor da saúde quanto a valor que atribuem quer à qualidade do ensino da medicina quer dos cuidados que são prestados aos portugueses.

O comunicado emitido dia 4 de setembro foi subscrito pela Federação Nacional dos Médicos, Sindicato Independente dos Médicos, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Federação Portuguesa das Sociedades Científicas Médicas, Associação Portuguesa dos Médicos de Carreira Hospitalar, Associação Nacional de Estudantes de Medicina e Ordem dos Médicos e pode ser lido aqui: https://ordemdosmedicos.pt/declaracao-do-forum-medico0309/