Miguel Guimarães esteve, durante a manhã do dia 11 de janeiro, em visitas de trabalho pelo Norte do país, nomeadamente no Hospital Padre Américo, em Penafiel, e no Hospital de Braga. Em ambos os casos, o objetivo do bastonário foi, sobretudo, ouvir os colegas e visitar alguns serviços, demonstrando a disponibilidade da Ordem dos Médicos em ajudar a resolver alguns dos problemas existentes.
Em Penafiel, acompanhado do secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, e da presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, o bastonário encontrou grandes dificuldades no Serviço de Urgência, onde alguns colegas consideram a situação lá vivida como “dramática”, principalmente na especialidade de Medicina Interna. De acordo com os dados relatados, o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa deveria ter, para garantir uma adequada capacidade de resposta, 55 médicos internistas, no entanto, tem apenas 24. Em número de camas, o serviço de Medicina Interna deveria ter 213, mas tem lotação de apenas 164 camas, o que origina uma constante sobrelotação do serviço. Tal como acontece noutras instituições em todo o país, os médicos têm centenas de dias de descanso por gozar.

Segundo o Bastonário, é fundamental “contratar as pessoas que são necessárias e ter um respeito grande pelos profissionais” que trabalham no hospital.
Miguel Guimarães esteve a falar com os colegas e aos jornalistas explicou que os médicos querem “saber o que é que devem fazer em circunstâncias em que têm cinco, seis, sete vezes mais doentes e não os conseguem atender ao mesmo tempo” e reiterou que esta é uma questão da responsabilidade do Ministério da Saúde. O representante de todos os médicos deixou ainda uma questão à tutela: “Quando temos num Serviço de Urgência cinco vezes mais doentes do que seria previsível e as pessoas que lá estão não podem dar resposta em tempo útil… o que é que devem ou não fazer?”.
Antes da visita aos serviços e ainda em Penafiel, houve tempo para uma reunião com o conselho de administração e direção clínica do hospital onde foram identificados problemas de infraestruturas subdimensionadas e de falta de gabinetes para os médicos.

Já em Braga, Miguel Guimarães reuniu com o conselho de administração do hospital e visitou o Serviço de Urgência onde voltou a verificar vários constrangimentos que prejudicam a prestação dos melhores cuidados possíveis aos doentes. Ainda assim, a administração, que admitiu problemas iniciais entre a transição de parceria público-privada para EPE (entidade pública empresarial), garantiu que todas as escalas estão garantidas.
Aos jornalistas, o bastonário defendeu que “o Hospital de Braga funcionava melhor enquanto parceria público-privada”. Sublinhou também que, quando a instituição era público-privada, tinha um “modelo de gestão diferente e mais eficiente”.
“Com as parcerias público-privadas havia muito menos problemas, o Hospital de Braga e os outros em parcerias funcionavam melhor, sempre com mais capacidade de resposta, conforme se constatou hoje”. “Mas a partir do momento em que terminaram, no setor da saúde, que era onde estavam a ser rentáveis em termos de eficiência para o Estado, as coisas pioraram», salientou.
Miguel Guimarães recordou ainda que “os relatórios feitos sobre os indicadores e a prestação de cuidados de saúde destas unidades hospitalares, dizem isso mesmo, incluindo-se o do Tribunal de Contas, que como sabemos, é extremamente exigente nessas matérias”.
Em Braga, a FNAM esteve representada por Mário Pinheiro, membro da comissão executiva, e o SIM continuou presente com Jorge Roque da Cunha e Maria João Tiago, do secretariado regional de Lisboa e Vale do Tejo.