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Ventilador criado para cuidados intensivos já em fase de certificação

A pandemia pelo SARS-CoV-2 (COVID 19) surpreendeu o mundo pela exigência súbita e massiva de recursos diferenciados. Em março de 2020 não havia tratamento etiológico para esta doença, a mortalidade associada era elevada, não existia vacina, o contágio era vertiginoso e por isso serviços de saúde de vários países europeus entraram em rotura, com necessidade de reforço em várias frentes, muito em particular nos cuidados intensivos, quer em recursos humanos quer em equipamentos diferenciados como ventiladores.

Neste contexto, em Portugal, o bastonário da Ordem dos Médios definiu três prioridades:

  • Apoiar e promover todas as medidas de contenção da disseminação da doença;
  • Promover e apoiar iniciativas para montar um hospital de retaguarda para doentes com COVID-19, se o Sistema Nacional de Saúde não conseguisse responder às solicitações, o que felizmente não veio a ser necessário. Desta forma, os esforços estão agora concentrados em contribuir para a construção de um centro de infeciologia altamente diferenciado no sentido de reforçar a capacidade de resposta do serviço de Infeciologia do Centro Hospitalar Universitário de São João, juntamente com a Associação Empresarial de Portugal e o movimento SOS Coronavírus.
  • Promover uma parceria entre a SYSADVANCE e intensivistas portugueses convidados pela Ordem dos Médicos, para produção em Portugal de um ventilador de cuidados intensivos. A SYSADVANCE tem o Sistema de Gestão da Qualidade (QMS) certificado de acordo com a norma ISO 9001 para toda a gama de produtos industriais e do setor energético e certificado de acordo com a norma ISO 13485 para dispositivos médicos: geradores de oxigénio médico e sistemas de geração de oxigénio, sistemas médicos de ar e vácuo. Estes dispositivos médicos são certificados de acordo com a Diretiva 93/42/CEE de Dispositivos Médicos.

As autoridades sanitárias portuguesas apostaram fortemente nas medidas de contenção da disseminação da COVID-19 e o SNS aguentou o impacto da pandemia e mantém o controlo da propagação do vírus. Portugal não teve picos de incidência que provocassem a rotura dos hospitais, até porque muita da atividade programada foi cancelada ou adiada, pelo que não foi preciso construir uma retaguarda, mas a pandemia não desapareceu e o objetivo e a necessidade de construir um ventilador português mantém-se pelo que o projeto SYSADVANCE-OM seguiu o seu percurso.

Neste momento está produzido e testado o protótipo SysVent OM1 – ventilador de cuidados intensivos. A prova de conceito foi feita com testes de bancada, tendo os resultados sido aceites para publicação na revista científica Acta Médica Portuguesa. Foram feitos teste fisiológicos cujos resultados estão em preparação para publicação. O ventilador permite uma regulação muito rigorosa tanto na pressão como no volume do gás enriquecido em oxigénio, o que melhora os resultados finais. Além disso, pode ser controlado remotamente, reduzindo-se as intervenções presenciais junto de doente e o risco de contágio.

Ultrapassada a fase de contingência, considerou-se estarem reunidas as condições para certificação CE, pelo que o processo está em curso e entregue a uma empresa certificada para o efeito. A empresa tem capacidade para produzir entre 20 a 60 equipamentos por dia.

Lisboa, 27 de julho de 2020

2020.07.27_NI – Ventilador criado para cuidados intensivos já em fase de certificação