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Urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta em risco de fechar durante a noite

O número de pediatras nos quadros do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, é insuficiente e compromete a qualidade e segurança dos serviços prestados às crianças que todos os dias acorrem à urgência pediátrica deste hospital, alerta a Ordem dos Médicos, após visita à unidade e reunião com os profissionais e com o conselho de administração. A urgência funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, quase sempre com um único pediatra, pelo que a solução para continuar a garantir as escalas poderá passar pelo encerramento durante a noite.

A visita ao HGO surgiu depois do bastonário da Ordem dos Médicos ter tomado conhecimento do agravamento da carência de recursos humanos no Serviço de Pediatria deste hospital, com impacto direto tanto neste serviço como na urgência pediátrica daquela unidade hospitalar.

O serviço perdeu, em pouco mais de um ano, um total de 9 assistentes hospitalares que trabalhavam também na urgência. A gravidade da situação levou a que os chefes de equipa entregassem um pedido de isenção de responsabilidade. Existem seis chefes de equipa, um número que não cobre sequer as sete noites da semana e que obriga a que façam um número incomportável de horas suplementares.

“A urgência pediátrica recebe todos os dias mais de 130 crianças e está a ser assegurada por um número de pediatras muito reduzido e que é para nós motivo de grande preocupação. Não nos podemos esquecer que, sem os meios humanos mínimos, é a qualidade dos cuidados prestados e a segurança das crianças que ali acorrem todos os dias que fica comprometida”, sublinha o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.

“Muitas vezes o chefe de equipa é o único pediatra na urgência, o que se torna ainda mais incompreensível dado que os mesmos médicos que asseguram esta urgência, quando estão escalados, dão apoio à unidade de internamento de curta duração e à urgência interna dos doentes da enfermaria de pediatria. Ao fim-de-semana, a mesma equipa dá também apoio ao berçário”, acrescenta Miguel Guimarães, que apela a uma “intervenção urgente do Ministério da Saúde para reverter esta irregularidade que coloca em risco a atividade clínica”.

Na urgência pediátrica as equipas deviam ter, pelo menos, dois assistentes hospitalares de pediatria ou um assistente hospitalar e um interno dos últimos anos da Formação Específica, mas nem isso está a ser assegurado.

O bastonário lembra, ainda, que são várias as carências infraestruturais e de recursos humanos no HGO que têm vindo a público nos últimos meses, o que compromete os cuidados prestados à população de 350 mil habitantes dos concelhos de Almada e Seixal, com algumas valências a darem resposta a toda a Península de Setúbal, nomeadamente em áreas de especialidade como a neonatologia e a neurocirurgia.

Na visita ao HGO estiveram também presentes o presidente do Conselho Regional do Sul, Alexandre Valentim Lourenço, o presidente do Colégio da Especialidade de Pediatria, Jorge Amil Dias, e o presidente do Conselho Sub-regional de Setúbal, Daniel Travancinha.