+351 21 151 71 00

Se jovens médicos europeus cumprissem as leis laborais, sistema entraria em colapso!

Tomás Cobo, presidente do Conselho Geral dos Colégios de Médicos espanhol, moderou a mesa redonda “Demografia sanitária: necessidade de atuação conjunta” da Jornada Europeia “Desafios atuais para uma Saúde com futuro” que contou com a intervenção de Celia Gómez, diretora geral de planeamento profissional do Ministério da Saúde espanhol, Mathias Körner, presidente da EJD – União Europeia dos Jovens Médicos, João de Deus, coordenador do departamento internacional da Ordem dos Médicos portuguesa e presidente da Federação Europeia de Médicos Assalariados,  e Tiago Villanueva, presidente da UEMO – União Europeia dos Médicos de Família.

Mathias Körner explicou que os médicos mais jovens enfrentam uma grande pressão assistencial com uma carga crescente de doentes, o aumento da procura de cuidados, limitações económicas, expectativas profissionais tradicionais que não correspondem nem à atualidade nem aos desejos das novas gerações de médicos, etc. Nomeadamente porque, como sublinhou, os médicos mais jovens procuram uma maior conciliação de todas as vertentes da vida e horários mais flexíveis que lhes permitam desfrutar da vida pessoal, sem estarem sujeitos a horários duros que geram custos para o seu bem-estar físico e mental. “Se todos os jovens médicos na Europa cumprissem as leis laborais, o sistema entraria em colapso”, alertou Mathias Körner.

Na sua intervenção João de Deus abordou vários temas – da emigração médica à feminização da profissão – e demonstrou a sua solidariedade para com os jovens médicos, frisando que é essencial equilibrar o exercício profissional com o bem-estar familiar e social.

A encerrar a mesa sobre demografia, Tiago Villanueva, mencionou o ponto de vista dos médicos de família que se veem na iminência de dar resposta a listas de utentes excessivas o que afeta gravemente a relação médico-doente pois reduz o tempo de consulta. Essa limitação temporal deturpa as funções dos médicos de família pois impede que o especialista dedique tempo a ouvir o seu doente e não potencia a prevenção da doença, a promoção da saúde ou da literacia.