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Retrato da saúde: “para termos um SNS forte é preciso que seja competitivo”

“O Serviço Nacional de Saúde não pode continuar a funcionar como funcionava há 42 anos. O SNS tem que evoluir, temos que ter esta ideia”, começou por afirmar o bastonário da Ordem dos Médicos numa altura em que apresentava “o retrato da saúde hoje”.

Miguel Guimarães participou na passada terça-feira na Convenção Nacional da Saúde que teve como mote “recuperar a saúde, já”. Foi nessa ocasião que pediu aos decisores políticos um SNS forte e com capacidade de competir com os setores privado e social, bem como com o estrangeiro, especialmente com os outros países da União Europeia. “Não se contratam [mais profissionais de saúde] porque o SNS não se adaptou à nova realidade e não se contratam porque os nossos políticos ainda não perceberam que para termos um Serviço Nacional de Saúde forte é preciso que ele tenha capacidade competitiva, que seja importante para as pessoas que lá trabalham e que seja valorizado o seu trabalho”, insistiu. Miguel Guimarães deu como exemplo os médicos de Medicina Geral e Familiar, afirmando que há cerca de 1.600 médicos recém-licenciados que não exercem no Serviço Nacional de Saúde.

O representante dos médicos apresentou alguns dados oficiais que são, no mínimo, “preocupantes”. Entre os quais destacam-se os 1.156.000 portugueses sem médico de família e as mais de meio milhão de primeiras consultas hospitalares que há por recuperar, quando se compara os dados dos anos 2019, 2020 e 2021. Sublinhou ainda que os inscritos para cirurgia baixaram para 141 mil atualmente, depois de já terem baixado para 215 mil, em 2020, quando em 2019, ano pré-pandémico eram 240 mil.

“Isto é o reflexo da referenciação para os hospitais que caiu em média entre 30% e 50% nas diversas especialidades, variando consoante a região do país, os centros de saúde e os próprios hospitais”, salientou Miguel Guimarães.

O Presidente da República presidiu à sessão de encerramento da IV Conferência da Convenção Nacional de Saúde, tendo sido acompanhado pela bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins. Esta Convenção “foi exemplar, conseguiu atingir os seus objectivos. Diversificou-se, criou espírito de diálogo na sociedade portuguesa, ganhou o prémio dos direitos humanos da Assembleia da República este ano, atendeu o direito à saúde com uma visão aberta para uma sociedade democrática”, exaltou Marcelo Rebelo de Sousa.

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