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Receitas manuais e doentes em risco a partir de janeiro

Dentro de poucos dias, se nada for feito, um grupo de médicos deixará de poder prescrever manualmente os medicamentos de que os doentes necessitam, passando a existir apenas a possibilidade de serem utilizadas as receitas eletrónicas. Em causa está o fim do prazo de transição previsto na Portaria que prevê o processo de desmaterialização das receitas em papel.

O bastonário da Ordem dos Médicos já alertou o Ministério da Saúde para este problema e, apesar da insistência, ainda não obteve resposta. “Estamos perante um pequeno número de médicos, que, maioritariamente por razões relacionadas com a idade, têm dificuldades de adaptação aos meios informáticos. Estamos a falar de um conjunto de médicos que foram determinantes na construção dos cuidados de saúde em Portugal. Numa altura crítica, em que o acesso a cuidados de saúde tem já tantas dificuldades, e sendo este problema de resolução tão simples, não se entende o silêncio da tutela”, comenta o bastonário.

Miguel Guimarães adianta que, “em abril, foi publicada uma Portaria que adiava este prazo para 31 de dezembro de 2020, precisamente pela situação pandémica que o país atravessava, e dificuldade dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde em prosseguirem com formações. Em plena segunda vaga não se percebe, assim, o que terá melhorado”. “Os médicos colaboraram sempre de forma exemplar no processo de desmaterialização da receita, mesmo utilizando um sistema informático que falha muitas vezes, que atrasa consultas e outros procedimentos. Não se entende, por isso, que a tutela não resolva esta situação urgente, que terá um impacto negativo nos doentes”, reforça o bastonário.
Lisboa, 29 de dezembro de 2020