A Ordem dos Médicos (OM) emitiu, na semana passada, um conjunto de recomendações que visam contribuir de forma positiva para um melhor acompanhamento do que está a acontecer no terreno em termos do surto pelo novo coronavírus, para capacitar as instituições de saúde no sentido de poderem responder de forma ágil às necessidades logísticas e de recursos humanos e para conter a transmissão de casos em Portugal. Em complemento às recomendações publicadas na semana passada e perante o aumento do número de infeções confirmadas no nosso país, o bastonário da OM e o Gabinete de Crise COVID-19, emitem as seguintes deliberações:
- Manifestar a disponibilidade da OM e dos médicos e o empenho e sentido de missão neste momento de ameaça pandémica que afeta o nosso país e o mundo.
- Manifestar total concordância com as medidas de contenção anunciadas no âmbito da fase atual de contenção alargada.
- As medidas em causa podem e devem ser aplicadas a outras áreas e regiões do País, caso se justifique, e visam reduzir ou atrasar a disseminação da doença na comunidade, permitindo-nos ganhar tempo, bem como reduzir e diferir o respetivo impacto na população e, em particular, nas instituições de saúde.
- Alertar para a necessidade de acelerar a preparação de todas as instituições de saúde numa perspetiva dinâmica e de antecipação de modo a salvaguardar as melhores condições de atendimento assistencial e de segurança para os indivíduos afetados pelo novo coronavírus e a dos indivíduos com outras necessidades de saúde.
- Nesta avaliação, e numa primeira fase, deve ser ponderado o adiamento de consultas presenciais não essenciais de modo a proteger os doentes reduzindo a circulação nas instituições de saúde e a permitir a alocação de profissionais a outras atividades mais prementes. Em situações específicas, devem ser ponderadas consultas não presenciais.
- Os profissionais de saúde estão na linha da frente do combate a esta nova doença pelo que a sua segurança é prioritária.
- Finalmente, relembrar que na semana passada a Ordem dos Médicos emitiu um conjunto de recomendações importantes, estando algumas delas por cumprir, nomeadamente a aprovação de uma linha de financiamento autónoma para o COVID-19 e que permita que as instituições de saúde atuam com autonomia, podendo contratar em cada momento os recursos humanos e técnicos necessários. Continua também por publicar e divulgar o Plano de Contingência Nacional.
A Ordem dos Médicos reafirma a confiança na Direção-Geral da Saúde e disponibilidade para colaborar com as autoridades competentes em tudo o que entenderem como necessário, relembrando que criou ainda em janeiro um Gabinete de Crise multidisciplinar para o acompanhamento deste surto e que lançou nesta semana um apelo a todos os médicos que já não trabalham no SNS, nomeadamente os reformados, para que considerem a possibilidade de reforçar temporariamente os serviços públicos de saúde.
Lisboa, 09 de março de 2020
O Bastonário da Ordem dos Médicos
O Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos