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Ordem dos Médicos condena agressão a médica e pede intervenção urgente

 

A agressão levada a cabo contra uma médica que estava a assegurar o serviço de urgência do Hospital de Setúbal configura um crime público, é absolutamente inaceitável e merece uma intervenção urgente por parte do Ministério da Saúde, do Ministério Público e de outras
autoridades judiciais.

“A nossa primeira palavra de solidariedade é para com a nossa colega violentada em pleno local de trabalho. Não é de todo aceitável que quem está a salvar vidas não veja a sua própria vida devidamente protegida”, salienta o bastonário da Ordem dos Médicos.

A Ordem dos Médicos alerta que os casos de violência contra profissionais de saúde estão a aumentar e lamenta que este aumento exponencial da violência seja mais um sinal de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está bem, elevando-se o clima de conflitualidade institucional que não dignifica nem beneficia ninguém.

Este tipo de agressões vem, mais uma vez, revelar a fragilidade da política autoritária e tremida que está a ser seguida pelo Ministério da Saúde. Na verdade, a falta de um plano estruturado para a saúde que inclua as reformas essenciais e um investimento sério na saúde das pessoas, mas também nos profissionais que todos os dias fazem o SNS, está a resultar numa desestruturação do próprio serviço público, com taxas cada vez mais elevadas de abandono, de absentismo, de sofrimento ético, de burnout e de violência física e psicológica.

A Ordem pede também uma intervenção mais assertiva das autoridades judiciais nestes casos e que o Ministério da Saúde tenha uma intervenção rápida e urgente, com medidas e políticas concretas que permitam prevenir este tipo de situações e devolver aos profissionais e aos utentes um SNS em que o respeito, a confiança, a segurança e a qualidade imperem em todas as suas vertentes. “Corremos o risco de termos cada vez menos profissionais disponíveis para trabalhar em contextos exigentes como o serviço de urgência”, alerta Miguel Guimarães, lembrando que “a qualidade e a segurança clínica também podem ser afetadas pelos contextos de pressão excessiva”.

A Ordem dos Médicos vai exigir responsabilidades às autoridades competentes, nomeadamente ao Conselho de Administração do Hospital de Setúbal, dar todo o apoio à médica que foi agredida, e prevenir todos os médicos que não devem trabalhar sem as condições adequadas,
designadamente aquelas que não garantem segurança clínica e segurança física.

O aumento dos casos de violência e de burnout levou a que a Ordem dos Médicos criasse em maio o Gabinete Nacional de Apoio ao Médico. O número de contactos com este gabinete tem sido superior ao previsto, pelo que a Ordem dos Médicos já garantiu que em 2020 o gabinete terá um orçamento próprio e reforçado que permita melhorar e agilizar as respostas de apoio aos médicos.

Chegou o momento de dizer basta!

Lisboa, 28 de dezembro de 2019

2019.12.28_NI – Ordem dos Médicos condena agressão a médica e pede intervenção urgente