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OM assinala 42 anos do SNS pedindo maior investimento para fixar especialistas

No dia em que o SNS fez 42 anos, o bastonário da Ordem dos Médicos fez questão de agradecer a todos os colegas que fizeram – e fazem – parte do percurso do serviço público mais acarinhado pelos portugueses. Para assinalar a data, Miguel Guimarães visitou o centro de saúde de Algueirão-Mem Martins, cujas instalações foram inauguradas este ano e que é o maior do país. No terreno, o representante dos médicos reuniu com especialistas da UCSP Algueirão e da USF Natividade, que partilham esse espaço e que, em prol dos mais de 30 mil doentes sem médico de família, trabalham em estreita colaboração para que nenhum utente fique sem, solução. Miguel Guimarães elogiou essa forma de trabalhar em equipa e realçou que, independentemente da forma de organização, todos os especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF) são essenciais para que os portugueses tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade. Atento às dificuldades – e depois de ouvir o testemunho dos mais recentes especialistas que ingressaram nas equipas deste centro de saúde onde, lamentavelmente, já se sente o peso do excesso de trabalho e da falta de reconhecimento – o bastonário referiu a carta que enviou à Ministra da Saúde na qual apelava à libertação dos médicos de família das tarefas COVID para que possam voltar aos seus doentes. Sobre a solução dos problemas do SNS, alertou que nada será resolvido com o anúncio de novos cursos de medicina, nem com a degradação da qualidade; a solução tem que passar pelo investimento no SNS de forma a que as condições oferecidas sejam pelo menos equiparáveis ao que é dado no setor privado, o que inclui não apenas melhores remunerações mas também mais apoio nas tarefas administrativas e melhores oportunidades de formação contínua.

Dos 78 mil utentes do Concelho que ainda não têm médico de família, quase metade são utentes do Centro de Saúde de Algueirão–Mem Martins: esta UCSP do ACES Sintra tem 43.996 utentes inscritos mas só 14.504 (33%) têm médico de família. 29.185 (66%) não têm e 307 não têm por opção (0,7%), números que aumentam a pressão sobre os profissionais que aqui trabalham.

Aquele que é o maior centro de saúde do país representou um investimento na ordem dos quatro milhões de euros e serve uma população de cerca de 62 mil habitantes. O novo edifício pretendeu permitir instalar, numa única estrutura centralizada, a atual Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) Algueirão e a Unidade de Saúde Familiar (USF) Natividade, bem como alguns espaços (nomeadamente, gabinetes) para o funcionamento das Unidades de Recursos Assistenciais Partilhados, de Cuidados na Comunidade e de Saúde Pública do respetivo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Sintra. Mas, ter boas instalações não chega se faltarem profissionais e as dificuldades em fixar os novos especialistas foram uma das queixas que foram partilhadas na reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos.

A delegação da OM incluiu o presidente do Colégio da Especialidade de MGF, Paulo Santos e a especialista em MGF Rubina Correia que é membro do Conselho Nacional da OM. Para esta visita o bastonário convidou ainda o presidente da APMGF, Nuno Jacinto, representantes dos sindicatos e da Liga Portuguesa contra o Cancro.