Nos últimos sete anos, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ganhou mais de 4500 médicos especialistas. Em entrevista à SIC Notícias, Manuel Pizarro, garantiu que este número mostra que o SNS consegue segurar mais de dois terços dos médicos que forma, considerando que o sistema de saúde português é “atrativo”.
Em resposta a estas declarações, o bastonário da Ordem dos Médicos relembrou que apenas o número de médicos não é suficiente para medir a força de trabalho.
“Importa dizer se este número de médicos contratado, corresponde a uma força de trabalho”, iniciou. “Cada vez há mais médicos a trabalhar no SNS com horário reduzido. A força de trabalho não se mede pelo número, mas pelo número de horas que cada pessoa tem no seu local de trabalho”, elucidou Miguel Guimarães.
Este ano registou-se um pico de saídas no SNS. Cerca de 800 médicos foram para a reforma, o que corresponde ao número mais alto dos últimos 10 anos.
“Estes números não são novidade. São altos e vão, seguramente, piorar nos próximos anos”, alertou Miguel Guimarães. “Os mais velhos querem sair e os mais novos não querem entrar”.
Mesmo com o regime especial, que recontrata médicos aposentados, que só este ano fez voltar 428 profissionais, não se resolve o problema de fundo: atualizar a carreira e valorizar o trabalho médico.
“Enquanto não começarmos a aproximar as condições de trabalho dos médicos portugueses com os da restante União Europeia, garantindo acesso à investigação e à inovação, com valorização da qualidade dos médicos portugueses, enquanto não tivermos implementada uma gestão mais moderna, vamos continuar a perder profissionais”, concluiu.