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“O que querem os médicos?” Miguel Guimarães respondeu

O 25º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos realizou-se há, precisamente, uma semana, no dia 11 de novembro. A sessão de encerramento ficou marcada pela “Cerimónia de Entrega de Medalhas de Mérito”, um momento solene e que todos os anos se repete com o objetivo de homenagear os médicos, a sua carreira, e o seu brilhante percurso em várias áreas da medicina. No discurso de encerramento, o bastonário da Ordem dos Médicos, exaltou todos os colegas homenageados, bem como a importância desta cerimónia.

“Homenageamos um conjunto de médicos que representam todos os médicos, um conjunto de médicos que muito fizeram pela medicina e pela saúde portuguesa, um conjunto de médicos que soube estar junto dos seus doentes sempre que foi necessário, um conjunto de médicos que esteve sempre ao lado da ciência e da investigação. Foram médicos no verdadeiro sentido da palavra: foram humanistas, foram solidários, fizeram todo o que estava ao seu alcance para que os seus doentes tivessem tudo e salvaram muitas e muitas vidas. Os médicos homenageados representam todos os médicos portugueses”, aclamou Miguel Guimarães.

O também presidente do 25º Congresso Nacional da Ordem dos médicos, louvou a presença da presidente-eleita da Associação Médica Mundial, Lujain Alqodmani. “A sua participação enalteceu a cerimónia e deu um contributo importante para perceber quais são os desafios principais da saúde global, bem como o que podemos fazer para os minimizar”. “A honra da sua presença dá um sinal positivo daquilo que é o papel que Portugal tem e deve ter nas organizações internacionais”, acrescentou.

No seu discurso, o bastonário da Ordem dos Médicos esclareceu ainda as dúvidas que possam existir acerca “do que querem os médicos” para a sua profissão e para a medicina, aludindo às recentes declarações do vice-presidente do Governo Regional Açoriano que acusou os médicos de serem “mercenários”.

“Os médicos querem ter vida pessoal. Querem ter o direito a ser felizes. Querem ter férias. Querem poder estar e acompanhar a família. Querem sentir que o seu trabalho é valorizado, querem sentir que as pessoas se importam com eles. Querem sentir reconhecimento por aquilo que fazem. Querem ter acesso à investigação. Os médicos são investigadores por natureza. Querem ter acesso à inovação, à inovação terapêutica e à inovação tecnológica. Querem ter acesso às melhores formas possíveis de tratar os seus doentes. Querem ter apoio porque também ficam doentes, também sofrem de burnout e também são vítimas de violência”.

O representante de todos os médicos esclareceu os “os dirigentes políticos” que “têm dúvidas sobre o que é que os médicos querem”: “os médicos não querem dinheiro, os médicos querem ver valorizado o seu trabalho”.

Para finalizar, deixou aos decisores três notas que considera fundamentais para resolver os graves problemas que o Serviço Nacional de Saúde enfrenta. Em primeiro lugar, “conquistar a confiança dos doentes, dos médicos e dos outros profissionais de saúde. Renovar a esperança”. Em segundo lugar, criar políticas consistentes, objetivas, adaptáveis às realidades regionais, principalmente nas zonas mais carenciadas. Em terceiro e último lugar, deixou um conselho aos dirigentes políticos: vestirem a bata. “Para quem quer falar de Saúde, não há maneira melhor de se informarem do que acompanhar um médico do SNS, um serviço de urgência ou a burocracia e as falhas constantes existentes nos cuidados de saúde primários”, constatou.

Antes, na sessão de abertura, já tinha colocado as “desigualdades sociais na saúde” como matéria prioritária de ação. “As pessoas desfavorecidas constituem um dos grandes desafios que nós temos em Portugal, e do qual raramente se fala. Há grandes desigualdades sociais, que se estão a acentuar. Há pessoas que precisam da nossa ajuda e requerem uma intervenção global da sociedade, mas também dos médicos, dos profissionais de saúde, da tutela e de todas as pessoas ligadas à saúde”, considerou.

O bastonário finalizou o discurso de encerramento com um sentimento de “gratidão eterna a todos os médicos, a todas as famílias, a todos os premiados, a todos os colaboradores e a todos os membros da comissão organizadora do 25º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos”.