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O logro

Autor: João Miguel Nunes “Rocha”

Que raio de povo somos nós, que se livrou do ditador que morreu pobre e baniu o fascismo para se tornar uma democracia, em que os grandes interesses servindo-se do poder de sugestão e hipnótico dos media, elegem os políticos a seu belo prazer, em que os negócios do estado são sempre ruinosos para este, mais rentáveis que os negócios da Santa Casa para os novos donos e um sorvedouro, um “bolso roto“ para o pecúlio dos cidadãos contribuintes, que se tornam eternamente devedores, de um bem, que nunca possuíram, ou possuirão.
Num declínio cada vez maior, o Estado que só honra os compromissos com os grandes interesses, chegou agora à iniquidade extrema de não proteger os cidadãos mais frágeis, antes parecendo que lhes quer mal e torce pela sua defunção, porque se formos honestos e encararmos a realidade sem nuances, se torna óbvio, que esta gente da governação, do M.S. e da D.G.S., estão apostados em através da pandemia, exterminar os mais frágeis de entre nós. Talvez seja por isso, que se ascende tão amiúde dos píncaros do governo para a chefia da U.E. ou mais ainda.
Do milagre português, transitámos para o “descontrai” das almoçaradas do Dr. António Costa e do Senhor Ferro Rodrigues, sem que tivesse havido um abrandamento dos contágios, e fomos agravando, agravando sem testagens significativas (que são caras) ou seguimento das cadeias epidemiológicas, até ao estado dantesco atual. E, agora, despudoradamente, vêm
acusar os cidadãos de terem abusado no Natal, quando a imposição do confinamento às 13 horas, num tempo de corrupio às compras somado à subestimação dos casos que já havia, conduziu ao ”fora de controle” presente. Eu bem vi as enormes filas fora das grandes superfícies e os magotes amontoados lá dentro. E o martelar diário da DGS, de que só os velhos morriam, desvaneceu o medo dos jovens e agora não há civismo que baste, para os conter.

Na minha opinião este Estado tem gerido miserável e avaramente a pandemia: testes, apoios, medidas eficazes mas onerosas, contratação de profissionais de saúde, desinfeções, mudar e proteger os utentes dos lares onde há surtos ativos…tudo tem sido restrito, escasso, somítico e forçado… E só se mostra pródigo nos confinamentos, sem contudo ter cumprido todas as responsabilidades que lhe competiam, cujos ónus são dádivas da U.E.. E é tal o seu desdém pelos cidadãos, que se forem infetados têm grandes probabilidades de morrer, que não os vacina, mas abre exceções ao estado de emergência para que estes vão votar… indiferente aos contágios e óbitos inevitáveis inerentes. E com as vacinas já se viu; são escassas mas aplicadas com tal pompa, que as comitivas de basbaques ministeriais, não raro, superam em número, os utentes a vacinar e são exibidas até ao fastio. E os alvos prioritários da vacinação? Basta olhar para a lista publicada pela DGS e Companhia, para que nos invada a raiva, a esta gentinha apostada em deixar morrer os pais e avós dos portugueses, com a indiferença medonha destes, porque a lista supracitada diz tudo, embora tentem escamotear as evidências, mas qualquer que a consulte e não seja parvo, percebe logo a artimanha. Dos velhos, só pertencem ao primeiro grupo prioritário, os internados em lares e nos cuidados continuados; todos os outros só são incluídos se tiverem: mais de 50 anos e uma ou mais das comorbilidades que são: IC, DC, DPCO e IR e mesmo que as tenham todas só serão vacinados depois das forças de segurança e forças armadas (maioritariamente jovens mocetões). Todos os outros velhos, qualquer que seja a sua idade, saudáveis, ou com todas as patologias do Harrison’s, exceto as supracitadas, só o serão numa segunda fase a começar em maio ou muito provavelmente bastante depois (quem duvide recorra ao simulador da DGS). Por algum motivo, a Ordem dos Médicos foi excluída da elaboração da lista…
Nem tudo o que fizeram, foi mal. Na compra escassa e tardia de vacinas mostraram enorme providência; sendo certo que a imunidade conferida pela vacina pode ser transitória, mas a conferida pela defunção é permanente, ainda nos vão sobejar vacinas. Em 2022 vamos ter um verão maravilhoso: formigueiros de turistas no país mais jovem da Europa, com grandes ermos e pouca população, tão ao gosto dos nossos “protetores”.
Neste mundo sem dó, fomos mais uma vez logrados.
Oeiras, 16 de janeiro de 2021