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O futuro da profissão médica e a luta contra a violência

O futuro da profissão médica e a política de tolerância zero em relação à violência contra profissionais de saúde, foram os temas que os médicos portugueses João de Deus e José Santos levaram a debate num encontro que reuniu dezenas de médicos de várias nacionalidades em Espanha.

João de Deus, coordenador do departamento internacional da Ordem dos Médicos e presidente da Federação Europeia de Médicos Assalariados abordou a influência da Inteligência Artificial na evolução da medicina, recordando que esta é uma “revolução imparável” em muitas das especialidades médicas, se não todas, dando exemplos concretos da sua própria especialidade, Oftalmologia onde já está a ser muito usada em diversas patologias da retina.

João de Deus lembrou que esta é uma área que apresenta desafios que têm que ser superados, quer em termos de regulamentação, quer em termos de ética. Convidou ainda à reflexão se “mesmo que a IA não substitua os médicos, será que os médicos que não trabalharem com IA no futuro serão substituídos?” também para as instituições que representam médicos assalariados, como os sindicatos, haverá desafios a enfrentar como consequência de mais trabalho médico isolado e maior desestruturação hierárquica das formas de trabalho.

 

 

 

José Santos, que faz também parte do departamento internacional da OM e preside ao Conselho Europeu das Ordens dos Médicos, explicou, na mesa de abertura deste encontro, que nas últimas décadas as agressões a médicos aumentaram muito e que a única abordagem aceitável é de tolerância zero a esse tipo de violência.

Enquadrando o trabalho que está a ser feito a nível europeu, num processo liderado pelo CEOM, José Santos mencionou a proposta de um formulário europeu unificado para recolher dados sobre a violência contra médicos e restantes profissionais de saúde. Este formulário foi apresentado e aprovado na última reunião plenária do CEOM. Outro tema relacionado que José Santos levou a debate foi a incidência crescente de níveis de burnout entre os médicos, área em que o CEOM também se tem diferenciado na liderança a nível europeu.