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O Estado da Arte das vacinas contra a COVID-19

A Ordem dos Médicos, em parceria com a Ordem dos Farmacêuticos, realizou, no dia 27 de janeiro, um webinar relativo ao “Estado da Arte” das vacinas contra a COVID-19. A sessão – exclusiva para profissionais de saúde – contou com especialistas dos laboratórios com representação em Portugal que têm já vacinas no mercado ou com aprovação para breve. Na audiência estiveram cerca de 2 mil pessoas, que esclareceram dúvidas e analisaram os resultados científicos dos estudos de cada uma das empresas presentes.

 

Nas boas-vindas, as palavras do bastonário da Ordem dos Médicos tornavam claras a motivação desta iniciativa: “é a altura da ciência”. Miguel Guimarães salientou que estamos numa fase, agora mais do que nunca, em que “a política tem de ter a ciência como base das suas decisões”. Endereçando palavras de agradecimento aos investigadores e a todos os presentes, ficou enaltecida a “capacidade de resiliência, competência e conhecimento” que nos permite, “todos juntos”, salvar vidas.

A coanfitriã, Ana Paula Martins, manifestou a importância de “esclarecer muitas das dúvidas que são importantes no dia-a-dia” dos profissionais. Subscrevendo as palavras de Miguel Guimarães, a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos reforçou que “a ciência sempre nos habituou a ser ambiciosa, visionária e disruptiva”, respondendo a situações concretas e a contar com todos os profissionais de saúde,

A palavra foi dada a Válter Fonseca, diretor do departamento da qualidade da DGS, que apresentou brevemente o plano traçado pela instituição que representa. Confessando que “são tempos difíceis” e que os desafios “para vacinar todas as pessoas em Portugal” são grandes, lamentou que as vacinas cheguem “a um ritmo lento”. Mas, acrescentou, os problemas são globais e não apenas nacionais.

Helder Mota Filipe, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa adicionou alguns pontos relevantes no painel sobre os desafios da campanha de vacinação. Identificando que, apesar de ser um processo maioritariamente coordenado a nível europeu, Portugal está um pouco atrasado na operacionalização do plano de vacinação. A terminar frisou as três palavras que considera como prioritárias em todo este processo: “organização, transparência e comunicação”.

Da parte dos laboratórios estiveram presentes Hugo Gomes da Silva da AstraZeneca, Rui Marques da Janssen, Ana Maia da Pfizer e Ana Marques em representação da Sanofi. Todos eles apresentaram alguns estudos sobre as investigações já realizadas e comprovadas e, outras, em que ainda se está a trabalhar. Tanto as vacinas que utilizam a tecnologia de vetores adenovírus (AstraZeneca e Janssen), como as que utilizam o RNA mensageiro (Pfizer) e até as assentes na subunidade proteica (Sanofi) foram dissecadas.

Com cerca de 2 mil pessoas a assistir não foi, naturalmente, possível responder a todas as questões que a audiência colocou. Mas, com a moderação do médico pneumologista Filipe Froes e da assessora de comunicação da Ordem dos Médicos, Romana Borja-Santos, foi possível responder a dezenas de perguntas relevantes no panorama científico. “Para resolver este problema [pandemia] temos de trabalhar juntos”, concluiu Filipe Froes, realçando que “não vale a pena termos as melhoras vacinas do mundo se não as administrarmos” com critérios de prioridade claros e que cheguem, a seu tempo, a todas as pessoas que delas necessitam.

A fechar, Miguel Guimarães afirmou que aprendeu muito nesta sessão e congratulou todos os participantes nesta iniciativa que tentou “estar um passo à frente na informação que já devia ter sido dada pelo Ministério da Saúde”. Sobre as deficiências do plano de vacinação, sobretudo no que diz respeito à falta de vacinas para os médicos do setor privado e social, mas também para os médicos do SNS, o bastonário garantiu que a Ordem “não vai desistir de continuar a defender os médicos, os doentes e o país”. Sendo “inaceitável” que não se esteja já muito perto de completar a vacinação de todos os médicos que se expõem, todos os dias, ao risco de serem contaminados pelo SARS-CoV-2 no exercício da sua atividade profissional. “Os profissionais deviam ser todos vacinados, independentemente do setor onde trabalham, antes de novas prioridades”, pois isso fará toda a diferença, não só em quem trata a COVID-19, mas também para quem continua a lidar com doenças oncológicas, cardíacas, etc…  “Este ziguezague político neste tempo de pandemia não serve os cidadãos”, asseverou, garantindo que a Ordem vai “exigir um ponto de situação oficial sobre a vacinação dos médicos” às autoridades competentes.