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O combate à pandemia ganha-se na comunidade

O Bastonário da Ordem dos Médicos e o respetivo Gabinete de Crise para a Covid-19, decorrido um mês do segundo confinamento nacional no âmbito da maior ameaça ao Serviço Nacional de Saúde desde a sua existência, vêm declarar o seguinte:

 

1. Manifestar apoio ao novo Coordenador da Task Force Nacional para a campanha de vacinação, renovando a disponibilidade para colaborar.

2. Lamentar os quase 20.000 óbitos ocorridos no mês de janeiro de 2021 e apresentar os pêsames aos familiares de todos os falecidos. Estes óbitos refletem o profundo impacto na resposta assistencial aos cidadãos residentes em Portugal que a gestão da pandemia está a ter e, em particular, nos doentes não-Covid. É urgente uma resposta organizada e coordenada das estruturas de saúde que assegure uma progressiva e rápida normalização do atendimento assistencial global, para travar o impacto da pandemia em vários indicadores de saúde, nomeadamente na diminuição da esperança média de vida nas idades mais avançadas.

3. Constatar o atraso inexplicável e reativo da declaração do confinamento a dois tempos, a 15 e 22 de janeiro, quando fica, uma vez mais, demonstrada a sua eficácia na prevenção da rutura do SNS, no controlo da incidência e no progressivo regresso ao normal funcionamento da sociedade e da economia do país.

4. Evidenciar a necessidade de monitorizar a eficácia do confinamento a nível regional (NUTS II) com acompanhamento permanente de vários indicadores, tais como, a incidência de novos casos por 100.000 habitantes a 14 dias e respetiva tendência, o Rt local, a taxa de positividade dos testes de diagnóstico, o atraso na realização dos inquéritos epidemiológicos e a percentagem de cobertura vacinal dos profissionais de saúde e dos indivíduos com 80 ou mais anos (de acordo com a regra 80X80X80 da OMS).

5. Insistir que é determinante criar condições para a efetiva operacionalização quer da vigilância epidemiológica, quer da testagem precoce e imediata de todos os contactos de alto risco, que já defendíamos desde julho do ano passado e que só agora é obrigatória, a par da indispensável vigilância laboratorial da circulação de novas variantes.
Para finalizar, o Bastonário e o Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos enaltecem o espírito de sacrifício e missão dos médicos e outros profissionais de saúde e reiteram que o combate à pandemia é ganho na comunidade. Para esmagarmos a onda pandémica é essencial o envolvimento e a adesão da população às medidas de prevenção, bem como a manutenção do confinamento até que a evolução favorável e sustentada dos indicadores epidemiológicos permita a sua reversão.

 

Lisboa, 16 de fevereiro de 2021