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Missão humanitária organizada pela Ordem dos Médicos parte para a Ucrânia

 Uma equipa com quatro médicos, dois portugueses e duas luso-ucranianas, parte na sexta-feira, dia 24 de fevereiro, para a Ucrânia numa missão humanitária que visa dar formação na área de transporte de doente crítico. A iniciativa é coordenada pela Ordem dos Médicos (OM), através do seu Gabinete de Apoio Humanitário (GAHOM), com o apoio do ministério da Saúde.

Na passada segunda-feira, dia 20 de fevereiro, foi firmado o Protocolo de Colaboração entre a Ordem dos Médicos e o Ministério da Saúde que formaliza esta cooperação, nas instalações da Secção da Regional do Porto da OM. O coordenador do GAHOM, Vítor Almeida, também esteve presente.

A missão envolve três cursos de transporte de doentes críticos e serão formados médicos, enfermeiros e técnicos de emergência.

“A formação é dedicada ao transporte de doente crítico com recurso a simulação biomédica. O curso existe em Portugal há muitos anos e pode ser implementado e adaptado na Ucrânia”, disse Vítor Almeida.

Para o coordenador do GAHOM, a presença na equipa de um pediatra do Hospital D. Estefânia, de Lisboa, especializado em transporte de doente crítico, é muito relevante e diferenciadora, explicando, ainda, a pertinência desta formação no dia a dia de um país em guerra.

“A guerra está muito focada na frente de combate. Mas grande parte do país funciona economicamente, ainda que com limitações. Os hospitais que estão na linha de combate têm extrema necessidade de se adaptar porque têm vítimas decorrentes da guerra, mas têm de manter o funcionamento diário normal. O nível qualitativo que oferecemos no hospital não pode baixar durante o transporte”, disse o coordenador.

E exemplificou: “Os diabéticos continuam a existir, os enfartes continuam a acontecer, a fratura da anca do idoso também”.

Vítor Almeida apontou que “a necessidade de transferir doentes para hospitais de retaguarda mais tranquilos e seguros é um dos grandes desafios” que os serviços de saúde ucranianos têm neste momento, algo que não é exclusivo à Ucrânia.

Os médicos serão acolhidos em Ternopil, pela Faculdade de Medicina local, e irão trabalhar num centro de simulação que é, disse Vítor Almeida, “uma referência europeia”.

“Com esta comissão também vamos ajudá-los a certificarem-se a nível europeu”, referiu o responsável do GAHOM.

A viagem entre Portugal e Varsóvia é oferecida pela TAP, onde será feita escala, enquanto a estadia fica a cargo da Faculdade de Ternopil.

À OM cabem as restantes despesas, bem como os seguros, e o ministério da Saúde dará apoio consular e garantiu as licenças de trabalho destes médicos que, durante cerca de três semanas, se vão ausentar das habituais tarefas no Serviço Nacional de Saúde.

Não sendo esta a primeira missão organizada pela OM para a Ucrânia, a partida marca simbolicamente um ano completo de guerra. Miguel Guimarães, que criou o GAHOM, apontou como expectativa “formar pelo menos 50 profissionais ucranianos” e avançou que este gabinete pode vir a dar apoio em outros cenários de catástrofe.

Já o ministro da Saúde destacou o apoio que Portugal tem vindo a dar à Ucrânia, nomeadamente com o acolhimento “imediato” de 52 mil refugiados e no fornecimento de 10,5 milhões de embalagens de medicamentos.

Manuel Pizarro revelou que atualmente estão a ser tratados nos hospitais portugueses sete doentes ucranianos: seis crianças e um adulto.