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Metade dos adultos portugueses tem pelo menos dois problemas de saúde

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluiu que cerca de metade da população adulta portuguesa tem dois ou mais problemas de saúde e que o risco aumenta 4% por cada ano de idade.

O objetivo principal do estudo era analisar a prevalência da comorbilidade em Portugal, bem como a sua associação com os estilos de vida e os fatores sociodemográficos.

Segundo os investigadores, os dados sugerem que a comorbilidade “tem atualmente uma prevalência excessiva em Portugal”, ao mesmo tempo que sublinham a necessidade de se “otimizar e ajustar as medidas de prevenção das doenças não transmissíveis com o objetivo de melhorar a saúde da população”.

O estudo baseou-se numa amostra representativa da população adulta portuguesa, constituída por 891 participantes com mais de 20 anos. Os resultados constataram que quase metade das pessoas vive com dois ou mais problemas de saúde associados. Destes, 21,1% manifestava dois problemas de saúde, 12,1% três, 7,7% quatro e 8% cinco ou mais problemas de saúde.

Entre os principais problemas relatados pelos doentes destacam-se as dores osteoarticulares, hipertensão, diabetes, problemas cardíacos, asma e cancro, entre outros.

“Este é um reconhecido problema fundamental de saúde pública, já que estamos a falar de situações com necessidades de saúde acrescidas, o que acaba por se traduzir num aumento do volume de trabalho ao nível dos serviços de saúde”, explicou Rosália Páscoa, docente da FMUP e investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

Os dados referentes ao papel dos estilos de vida e fatores sociodemográficos no desenvolvimento de problemas de saúde, revelaram que o tempo excessivo de exposição a ecrãs e a má qualidade de sono estão associados a um risco aumentado de sofrer de duas ou mais doenças, enquanto níveis mais baixos de stress se relacionaram com um menor número de condições crónicas.

Já em relação aos hábitos tabágicos, os participantes que pararam de fumar há mais de um ano apresentaram um aumento de 91% de risco de comorbilidade em comparação aos que nunca fumaram. Segundo os autores, uma interpretação possível “pode estar relacionada com o facto de que a maioria dos fumadores tenha deixado o tabaco só depois de ter sido diagnosticada com algum problema de saúde”.

Os investigadores sublinham que, como é muitas vezes reiterado pela Ordem dos Médicos, a prevenção é sempre o caminho mais correto, optando por bons hábitos, tais como não fumar, ter uma boa qualidade de sono, exposição moderada a ecrãs e uma gestão adequada dos níveis de stress, entre outros.