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Mais de 200 mil portugueses em listas de espera para cirurgia

A pandemia de Covid-19 teve um impacto tremendo na saúde em Portugal, principalmente no ano de 2020, uma vez que foram adiadas milhares de consultas e cirurgias por todo o país. Este problema já tinha sido identificado anteriormente pelo bastonário da Ordem dos Médicos, nomeadamente através da iniciativa Saúde em Dia. De acordo com os dados desse projeto, Miguel Guimarães realça que “em 2020, o ano em que mais doentes ficaram para trás, as listas de espera para cirurgia diminuíram. Porquê? Porque cerca de 30 a 50% dos doentes, nem sequer entraram no sistema, ou seja, os hospitais tiveram uma quebra na referenciação nos cuidados de saúde primários”.

Neste momento, há mais de 200 mil portugueses em lista de espera para cirurgia, sendo que muitos deles constam nesta lista desde 2020. Segundo a Administração Central do Sistema de Saúde, em 2021 foi realizado o número mais alto de intervenções cirúrgicas desde que há registo, contudo não foi suficiente para compensar as 100 mil intervenções que ficaram por fazer em 2020. Em declarações à comunicação social, o bastonário da Ordem dos Médicos deixou o alerta: “Em 2021, já estamos a ter uma atividade semelhante, até ligeiramente superior, ao ano de 2019, mas aquilo que ficou por fazer no ano de 2020 ainda não foi recuperado. Ou é recuperado, rapidamente, ou depois a recuperação já não é possível”.

Além de continuar a recuperar as cirurgias em atraso, a prioridade para Miguel Guimarães passa, também, por estender as redes de rastreio, de forma que as doenças sejam diagnosticadas o mais cedo possível, facilitando o respetivo tratamento. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais os doentes beneficiarão da terapêutica.

Em 2021 foram feitas 700 mil cirurgias, contudo ainda faltam as 120 mil intervenções adiadas em 2020, bem como os milhares de doentes que nem chegaram a entrar no sistema. No que toca a uma possível recuperação do total do número de cirurgias que ficaram por fazer, o bastonário da OM refere que não é possível dar certezas, mas reforça que “temos de tentar ao máximo recuperar quem podemos recuperar, contudo há doentes que não terão resposta”, lamentou.