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Listas de espera para consultas de Oftalmologia – Comunicado CNE

COMUNICADO

O Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos entende solidarizar-se e subscrever as posições do Colégio da Especialidade de Oftalmologia sobre as declarações do Sr. Ministro da Saúde que considerou que a realização de mais meia consulta e mais 0,6 cirurgias por dia resolveria as listas de espera.

É entendimento do Colégio da Especialidade, com o qual o Conselho Nacional Executivo concorda, que as afirmações do Sr. Ministro da Saúde, impossíveis por má fé ou intuito insultuoso sobre os médicos, resultam necessariamente quer da superficialidade de análise quer de profunda ignorância da matéria sobre a qual se pronunciou.

Parte o Sr. Ministro da Saúde do princípio que os médicos oftalmologistas restringem a sua actividade à consulta geral (na sua maioria para prescrição de óculos) e à cirurgia – únicas que possuem lista de espera.

Ignora que a maioria do tempo dispendido se reporta a consultas para o tratamento de situações clínicas mais urgentes como o glaucoma, a retinopatia diabética, a Oftalmologia Pediátrica, os descolamentos de retina, as doenças da córnea, etc.

Ignora que têm de ser realizados pelos médicos os exames complementares de diagnóstico (ecografias, angiografias, topografias corneanas, OCT, etc.) e terapêuticas complementares como o laser.

Ignora que a cada Oftalmologista só lhe é disponibilizado bloco operatório uma vez por semana ou uma vez de 15 em 15 dias e que a realização de mais 0,6 cirurgias por dia por médico representa o dobro ou o triplo das cirurgias efectuadas para cada um (tão reprovável é a manipulação dos números como o desconhecimento da realidade).
Ignora que consagram um dia para a realização do Serviço de Urgência.

Ignora a deterioração das condições de trabalho com falta de material, a existência de equipamentos obsoletos e não funcionantes que tem conduzido a um êxodo dos oftalmologistas para outras Instituições ou para a Medicina Privada (neste momento já só cerca de 50% dos médicos da especialidade trabalham nos Serviços do S.N.S.).

Omite que esta saída dos oftalmologistas do S.N.S. engrossa necessariamente as listas de espera.

Tenta com essas afirmações colocar o ónus nos médicos, escondendo a incapacidade do Ministério em proporcionar condições para uma boa prática médica pondo em causa a qualidade da assistência aos doentes.

O Conselho Nacional Executivo reitera a sua confiança na formação e capacidade dos médicos oftalmologistas que pelo seu trabalho e dedicação têm colocado a Oftalmologia Portuguesa num patamar muito elevado de qualidade.

Lisboa, 25 de Setembro de 2007
O Conselho Nacional Executivo