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Guerra pode perturbar mais o verão do que a pandemia, diz bastonário

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, apelou à população portuguesa que mantenha as regras de proteção contra a pandemia de Covid-19, nomeadamente o uso de máscara durante as festividades da Páscoa, defendendo que ainda nos encontramos numa fase critica da pandemia. “Estamos longe de chegar à atividade [do vírus] que nos permita ter um verão descontraído e seguro”, afirmou, numa conferência de imprensa acerca da evolução da pandemia no país. Graça Freitas adicionou, ainda, que o país continua com “uma transmissibilidade muito elevada, com tendência geral decrescente, é certo”, contudo “o número [de casos] é superior aos picos de curvas epidémicas anteriores, exceto ao do último inverno.”

Em declarações ao Diário de Notícias, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, demonstrou-se de acordo com a obrigatoriedade da máscara nos espaços fechados até 22 de abril. “Faz sentido. São mais alguns dias após a Páscoa, que é um período de muita mobilização e o Governo quis dar um sinal de que é preciso ter alguns cuidados, mas depois disso acho que as coisas vão mudar e faz sentido que comecem a mudar.” Porém, em relação ao clima que se vai viver no verão, Miguel Guimarães discorda da diretora-geral da Saúde. “Não me parece que o verão vá ser particularmente problemático por causa da pandemia. Acho que a Guerra que temos na Europa o poderá torná-lo mais intranquilo.” Além disso, adiciona que “estamos numa fase em que é incontornável que as pessoas tenham tendência para fazer uma vida mais liberta de regras, porque, embora haja ainda muita gente a contrair a infeção, a gravidade da doença é muitíssimo mais baixa. E as pessoas começam a encarar a pandemia de forma diferente.”

Não obstante, é também em relação aos dados da pandemia que o representante dos médicos se pronuncia criticamente. “A DGS deveria estar a divulgar diariamente não só o número de pessoas que testam positivo, porque este número até deve ser mais elevado, já que estamos a fazer muito menos testes, mas também o número de pessoas internadas em enfermarias ou em cuidados intensivos com doença grave por Covid-19.” Reforça que é imprescindível que seja dada toda a informação acerca da pandemia aos cidadãos e à comunidade científica, de forma a que se possa fazer uma avaliação justa e informada acerca da evolução e dos riscos existentes. “São os números sobre a gravidade da doença que os portugueses deveriam saber, porque podemos ter 10 mil a 11 mil pessoas a testar positivo por dia, mas se a taxa de internamento de situações graves for muito baixa, isto quer dizer que a doença e a pandemia estão muito mais atenuadas.”

Em relação às medidas e comportamentos a serem adotados no futuro, Miguel Guimarães refere que a entrada na primavera vai diminuir “atividade do vírus com o aumento da temperatura” e, sublinha, “que neste momento as restrições que temos em Portugal também são muito mais reduzidas dos que as que tínhamos no início do ano. A única restrição que ainda temos é o uso de máscara em espaços públicos fechados, nos lares e unidades de saúde e transportes públicos” e, na opinião do bastonário, “caminhamos para que esta medida caia nos espaços públicos”. No entanto, defende que esta restrição se mantenha por mais tempo “nos lares, unidades de saúde e nos transportes públicos, precisamente, para se proteger os mais vulneráveis.”