Greve Nacional dos Médicos
Respeito e Dignidade
O Plenário do Conselho Nacional da Ordem dos Médicos reunido a 8 de abril de 2017, face à greve dos médicos convocada pelas estruturas sindicais para os dias 10 e 11 de maio, considera que:
Nos últimos anos, as condições de trabalho dos médicos têm vindo a degradar-se progressivamente, condicionando de forma negativa a qualidade da Medicina prestada aos portugueses.
É manifesta a insatisfação crescente dos médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), facto este que tem constituído o motivo maior para a saída de muitos profissionais. Esta degradação progressiva das condições de trabalho, a par de um sistema disfuncional e inconsistente, quer de progressão na carreira quer na contratação de médicos, têm sido responsáveis pela impossibilidade crescente de repor o capital humano indispensável ao funcionamento regular do SNS.
A Ordem tem manifestado, desde o primeiro dia, o desejo e a disponibilidade para que sejam encontradas soluções que melhorem as condições de trabalho e, consequentemente, se traduzam numa melhoria dos cuidados de saúde prestados aos doentes; nesse sentido tem participado em vários processos negociais com o Ministério da Saúde, a maioria dos quais ainda em curso.
De igual forma os sindicatos, nas áreas da sua intervenção, têm percorrido um longo caminho negocial sem que tenham obtido os resultados desejados. Tal insucesso negocial levou os sindicatos médicos a convocarem uma greve para os dias 10 e 11 de Maio.
Assim:
A Ordem entende e subscreve as reivindicações defendidas pelos sindicatos como ficou claro na sua participação no recente Fórum Médico. Da mesma forma, assimila a posição individual de cada médico face à greve convocada e manifesta a sua total solidariedade e apoio a todos aqueles que, sentindo o efeito das más condições de trabalho na qualidade do exercício da medicina, decidam manifestar a sua insatisfação aderindo à greve.
A Ordem dos Médicos manifesta, como sempre o tem feito, o seu apoio e a sua disponibilidade para participar em soluções que reponham a dignidade do acto médico e o respeito pelas pessoas, reafirmando a justeza da valorização profissional e melhoria das condições de trabalho, sem as quais a Saúde dos portugueses pode ficar seriamente comprometida.
Apelamos pois a todos, e em especial ao Ministro da Saúde, que se empenhem em contribuir para preservar as características genéticas do SNS e em recuperar a medicina de proximidade, primando pela qualidade e inovação, em prol da melhoria das condições de saúde dos portugueses e dos doentes.
O Conselho Nacional da Ordem dos Médicos
Porto, 8 de Maio de 2017