+351 21 151 71 00

Falta de resposta dos serviços primários agrava problemas nas urgências

A unidade de saúde Fonte Nova foi, formalmente, inaugurada no passado dia 7 de março. Em plenas funções desde janeiro, inclui a Unidade de Saúde Familiar (USF) Rodrigues Miguéis e um polo da USF Monsanto, dispondo de uma capacidade para servir cerca de 30 mil utentes.

Na inauguração estiverem presentes, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, bem como Ricardo Marques, presidente da Junta de Freguesia de Benfica.

A USF Rodrigues Miguéis substitui instalações de contentores pré-fabricados que existiam ao lado do atual centro de saúde e que serviram os utentes durante cerca de 12 anos. A obra da unidade de saúde Fonte Nova foi lançada em 2020 e representou um investimento de cerca de três milhões de euros.

O novo edifício inclui uma unidade de cuidados complementares entre as duas USF e reforçou a área de fisioterapia, com mais dois profissionais, tal como a de nutrição.

Porém, a unidade de saúde Fonte Nova necessita, ainda, de dar resposta a cerca de 5 mil utentes que não têm médico de família atribuído, na freguesia de Benfica.

Anteriormente, o bastonário da Ordem dos Médicos já tinha alertado que os constantes congestionamentos dos cuidados de saúde primários têm influência direta nas constantes paralisações das urgências hospitalares.

“Uma maior articulação com os cuidados primários, pode aliviar uma grande pressão na Urgência Geral e nas Urgências Pediátricas hospitalares”, explicou.

Miguel Guimarães explicou que quer para a questão das Urgências Pediátricas, como para as de Obstetrícia e para outras situações no SNS “são precisas medidas estruturais, que devem ter na sua base tornar o SNS mais competitivo na captação de médicos”.

Para o representante dos médicos a questão não tem só a ver com os salários. “Tem a ver com as condições de trabalho que estão a ser dadas e com as perspetivas para a carreira. Hoje, é muito importante para um médico poder conciliar a sua carreira com outras coisas, nomeadamente com a investigação ou outras situações familiares”, reforça.

Defende, ainda, ser “preciso organizar o SNS de forma a funcionar em rede e ser possível manter a resposta mais adequada às necessidades da população”. Porque, quando há falhas o que se tem feito é encerrar os serviços e desviar-se os doentes e a pressão recai sobre os outros serviços, o que gera uma onda negativa e muito difícil de parar. Portanto, “é preciso definir o que se quer para o SNS”.