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Emigração de médicos disparou em 2021

A emigração de médicos disparou em 2021 com 88 profissionais a procurarem novas oportunidades fora de Portugal. Este é o valor mais alto dos últimos cinco anos, já que é necessário recuar até 2016 para encontrar um número de emigrações mais elevado. Nesse ano, foram 147 os médicos portugueses a sair do país.

As propostas chegam de vários países, mas, principalmente, do Reino Unido, Alemanha e países nórdicos, onde oferecem carreiras mais atrativas e com melhores salários. Miguel Guimarães relembra que os médicos portugueses “são dos que têm salários mais baixos na Europa, relativamente à sua elevada diferenciação e formação”. O bastonário reforça que valorizar o trabalho dos médicos é fator essencial para procurar reverter esta tendência. “Os médicos dão muito de si, investem muito de si nesta formação e têm salários medíocres”, sublinhou.

Contudo, Miguel Guimarães acredita que além do salário, é imprescindível que a carreira médica seja vista de “forma ampla”, para atrair novos especialistas para o SNS e manter quem ainda lá permanece. “A carreira tem de ser vista de forma ampla, para que se valorize o trabalho das pessoas, fomentando uma progressão de carreira nas diferentes categorias e graus realizada mais rapidamente. O SNS tem de se tornar atrativo. Neste momento, 35% a 40% das vagas que abrem para a colocação de jovens especialistas no SNS ficam por ocupar, um número elevadíssimo.”

Apesar de reconhecer que os médicos “neste momento não estão contentes com aquilo que são as condições de trabalho”, recorda que “o aumento nas saídas de médicos em 2021 pode ser explicado pela decisão do Governo de ter condicionado a saída de profissionais em 2020 (primeiro ano da pandemia). Por outro lado, os médicos não viram as costas aos problemas e nesse ano, para enfrentar a pandemia, muitos ficaram em Portugal.”