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Comunicado: redução de camas hospitalares

É possível reduzir ainda mais o número de camas hospitalares em Portugal?

O Governo anunciou que pretende reduzir o número de camas hospitalares para diminuir os custos em Saúde.
Anunciou essa intenção através da implementação de algumas medidas teorizadas no papel, como se o SNS não estivesse a funcionar convenientemente.
A Ordem dos Médicos apoia todas as medidas de boa gestão e incentiva a aposta na cirurgia do ambulatório, que em Portugal encontra algumas dificuldades por falta de apoios adequados na comunidade, que impedem altas mais precoces em muitas situações.
Porém, a Ordem dos Médicos chama a atenção para o facto de, segundo o relatório da OCDE de 2011:
– Portugal ter apenas 3,3 camas/1000 habitantes, contra uma média de 4,9 na OCDE e 8,2 na Alemanha.
– Portugal ter um tempo médio de internamento, por todas as causas, somente de 5,9 dias, contra uma média de 7,2 dias na OCDE e 9,7 dias na Alemanha.
Não há espaço por onde reduzir mais camas sem prejudicar potencialmente os doentes! A Ordem dos Médicos recorda que ainda há doentes internados em macas em muitos hospitais portugueses.
Para além disso, a redução do número de camas não leva necessariamente a uma redução da despesa, porque os doentes continuam a precisar de serem tratados, e, recentemente, um relatório de Bruxelas apontou mesmo a possibilidade dos cortes na Saúde induzirem um aumento da despesa.
A Ordem dos Médicos sublinha que, segundo a OMS, o ideal é que existam 4,5 camas por cada 1000 habitantes, podendo justificar-se mais em caso de necessidade.
Como se pode concluir facilmente, pela objectividade das estatísticas da OCDE, reduzir ainda mais o número de camas hospitalares em Portugal certamente irá afectar a acessibilidade dos Doentes aos Cuidados de Saúde e colocar o nosso país num patamar inferior de Qualidade do SNS.
Além do mais, o SNS já funciona no limite da excelência, graças à qualidade dos seus profissionais, por isso apresenta extraordinários indicadores, não sendo admissível que se passe a mensagem que é o Ministério da Saúde que vem agora descobrir a fórmula mágica de redução suplementar do número de camas sem prejuízo da Qualidade e dos Doentes.
O Secretário de Estado Dr Manuel Teixeira afirma que “com os recursos disponíveis, o SNS terá de continuar a responder às necessidades”.
Como é público, actualmente o SNS já não está a responder às necessidades de muitos doentes, pelo que não se consegue descortinar como será possível continuar a cortar na Saúde sem piorar estas circunstâncias.

Dezembro de 2012