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Comunicado: Declarações do Presidente do CA do CHSJ

COMUNICADO
Declarações do Presidente do CA do CHSJ

A Direcção do Colégio de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos foi questionada por muitos colegas e pela comunicação social, face às declarações proferidas pelo médico António Ferreira, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de S. João, no programa olhos nos olhos na TVI24, no dia 17/12, no decurso de uma entrevista com a Sr.ª Dra. Judite de Sousa e o Sr. Prof. Medina Carreira.
Analisadas aquelas declarações de forma serena e ponderada, que na generalidade se podem considerar oportunas e com pontos de relevante pertinência e sensatez, e a merecer a maior atenção por parte do Ministério da Saúde, pecam de forma grave e leviana, tornando-se inaceitáveis e merecedoras do repúdio da Direcção deste Colégio, quando se referem à cirurgia e aos cirurgiões.
Ao englobar no mesmo “saco” todas as especialidades cirúrgicas e ao dividir aritmeticamente números de cirurgias efectuadas por cirurgião e por semana, mês ou ano, o Sr. Dr. António Ferreira revelou uma falta de rigor e uma leviandade intelectual intoleráveis. A actividade dos cirurgiões não é a de operadores. A Cirurgia Geral representa cerca de 1/3 de todas as especialidades cirúrgicas, e a forma como foram referidos alguns números pode induzir facilmente em erro quem não conhece a realidade do funcionamento dos serviços hospitalares e conotá-los facilmente com a Cirurgia Geral.
A actividade de um cirurgião, numa sala de operações, não é exercida de forma isolada, sendo necessários pelo menos dois para operar. É sempre obrigatória a presença de um segundo ou terceiro especialista em cirurgias mais delicadas, e isso não significa que os três façam aquela operação! Para além disso existe o Serviço de Urgência, a enfermaria, a consulta externa, o ambulatório, a pequena cirurgia, a formação dos internos, a actividade docente, a actualização técnica e científica e todo o desgaste de anos de carreira pré e pós graduada quase sempre com a maior dedicação e empenho e sem o devido reconhecimento e compensação.
Não podemos deixar de referir o insuficiente acesso a blocos e tempos cirúrgicos, da responsabilidade da tutela, um dos factores que mais limita a produtividade cirúrgica dos cirurgiões do SNS.
Referir que 30 “cirurgiões” do CHSJ nunca foram ao Bloco Operatório durante o ano, e que alguns outros só o fizeram por duas vezes, carece de certificação e justificação, e a ser verdade, atentas as possíveis causas de forma séria, devem ser retiradas todas as consequências de ordem profissional e disciplinar para eventuais prevaricadores e para o Conselho de Administração, que se mostrou incapaz de exercer devidamente as funções a que está obrigado.
A Direcção do Colégio de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos, reitera toda a confiança na generalidade dos cirurgiões portugueses, garantes da defesa e tratamento adequado de um número considerável dos seus compatriotas, alguns infelizmente com doenças graves e que exigem grande dedicação, conhecimentos e entrega profissional.

Lisboa, 18 de Dezembro de 2012
Colégio de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos
Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos