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BIAL Award in Biomedicine: a festa da ciência

Um trabalho focado na tecnologia de mRNA, agora celebrizada pelas vacinas contra a Covid-19, foi o grande vencedor do BIAL Award in Biomedicine 2021. Na cerimónia, que distinguiu a investigação da equipa liderada pelo cientista norte-americano Drew Weissman, o complexo e longo percurso para este trabalho foi apresentado a todos os presentes, mas a palavra de ordem foi “festa” – com o momento a ser uma oportunidade para celebrar a importância da investigação científica relacionada com a área da saúde.

O evento decorreu no passado dia 18 de fevereiro, na reitoria da Universidade de Lisboa, tendo o bastonário da Ordem dos Médicos sido um dos convidados. À margem da cerimónia, Miguel Guimarães destacou a “importância do caminho da ciência, nomeadamente da investigação clínica, para a transformação e melhoria dos sistemas de saúde”, recordando que a Ordem dos Médicos tem defendido que a integração de tempo para investigação nas carreiras é absolutamente fundamental.

A cerimónia começou com um discurso do Reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, que destacou que o prémio e a escolha deste local para a sua entrega representam uma “celebração da investigação, da descoberta e da esperança num mundo melhor”.

Também o presidente da Fundação Bial, Luís Portela, começou por assinalar que “hoje é dia de festa, festa da ciência que se faz um pouco por todo o mundo em saúde”. Portela destacou que o trabalho premiado “beneficiou a humanidade” e que abriu caminho para muitas outras vacinas e eventuais soluções terapêuticas inovadoras. No seu discurso, destacou ainda a parceria com a Ordem dos Médicos para incentivar e reconhecer a ciência, nomeadamente com o Prémio Maria de Sousa.

Da parte do júri, Menno Witter reconheceu que a escolha do vencedor foi difícil, uma vez que contaram com mais de 40 trabalhos de 11 países diferentes. Ainda assim, garantiu que a qualidade do trabalho apresentando convenceu de forma unânime o júri, até pela aplicação que pode ter na luta do sistema imunitário com várias doenças. O artigo “Zika virus protection by a single low-dose nucleoside-modified mRNA vaccination”, agora premiado, tinha sido publicado na revista Nature em 2017.

A cerimónia ficou também marcada por um vídeo com dois elementos da equipa premiada, que mostraram, com simplicidade e humildade, o complexo caminho que a investigação exigiu. Drew Weissman, autor correspondente da obra premiada, presente no evento, recordou a história de várias vacinas e o caminho que fizeram nesta descoberta.

A entrega do prémio terminou com um discurso do Presidente da República, que reforçou “o dia de festa” que se estava a assinalar, falando numa celebração no tempo e no espaço. No espaço, porque é a universidade que aglutina esta cerimónia, enquanto lugar de transmissão de conhecimento, mas também de pesquisa e de investigação. E no tempo, por se estar a viver em Portugal, e um pouco por todo o universo, “quase o fim de um longo período de pandemia”.

“O que impressiona neste trabalho é o que impressiona na ciência. A ciência não tem tempos marcados, a não ser a urgência de todo o tempo”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa, reforçando que a ciência representa uma maratona em que se supõe “génio, talento, espírito de equipa e humildade”, reforçando a forma como os autores evidenciaram em especial a última característica. “Nada como a pandemia para reconhecer aos poucos a importância da ciência, para negar os negacionismos”, concluiu.

O trabalho vencedor foi escolhido entre 47 artigos de investigação realizados nos últimos 10 anos na área da biomedicina. Os nomeados incluíram estudos de investigação básica, ensaios clínicos, trabalho em doenças neurodegenerativas, cancro e doenças infeciosas.

O Prémio Bial de Biomedicina, no valor de 300 mil euros, é concedido pela Fundação Bial, que distingue, desta forma, um trabalho na área biomédica que tenha sido publicado após 1 de janeiro de 2012 e que traduza resultados de “excecional qualidade e relevância científica”. O júri da edição de 2021 foi presidido pelo neurocientista Ralph Adolphs, professor de psicologia, neurociências e biologia no Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos.

Veja, ou reveja, a cerimónia completa