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Bastonário nos Açores promove diálogo e consensos para resolver problemas no Hospital de Ponta Delgada

Uma comitiva da Ordem dos Médicos liderada pelo bastonário, Miguel Guimarães, deslocou-se aos Açores depois de ter tido conhecimento dos problemas relatados pelos médicos do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada. Com uma atitude conciliadora, promovendo o diálogo, a partilha de informação e o respeito por todos os envolvidos, o bastonário reuniu-se com o conselho de administração daquela unidade no dia 24 de agosto, tendo o principal objetivo de encontrar soluções que defendam os doentes e que encontrem, simultaneamente, um caminho que resulte “no respeito que os médicos merecem”.

Mais tarde, em conferência de imprensa, garantiu aos açorianos: “podem ficar tranquilos”, pois os médicos “nunca deitam a toalha ao chão”, mesmo na adversidade. “Os médicos têm feito um trabalho solidário e humanista tremendo, mesmo trabalhando em condições longe das ideais”, nomeadamente durante esta pandemia, destacou, lembrando que muitos abdicaram “de parte da sua vida pessoal para continuar a dar resposta aos seus doentes”. “Esse é o perfil dos médicos”, garantiu.

Antes da reunião com o conselho de administração, Miguel Guimarães já tinha estado com várias dezenas de colegas da região no dia 22 de agosto, poucos minutos depois de ter aterrado no aeroporto João Paulo II. Foi nessa ocasião que consolidou o dossier da visita de trabalho e ouviu de viva voz os problemas que o HDES enfrenta, nomeadamente com algumas decisões clínicas tomadas sem auscultação dos médicos em geral ou dos próprios diretores de serviço.

Já após esses dois momentos, em conferência de imprensa, o representante de todos os médicos disse que encontrou “boa recetividade” da parte da administração do hospital na reunião que durou cerca de duas horas. Miguel Guimarães afirmou acreditar que existe “espaço suficiente” para o conselho de administração continuar em funções “desde que haja bom senso”. Bom senso que neste caso, explicou, significa que não podem existir “interferências externas prejudiciais”. “Acho que existe espaço para as coisas se resolverem e, quanto mais depressa, melhor”, acrescentou.

O bastonário confirmou no terreno a existência de “problemas” internos no hospital de Ponta Delgada relacionados com a “comunicação”, a “informação” e o “diálogo”, e repudiou “insinuações graves nas redes sociais” que não “abonam nada a favor do que é preciso fazer nos Açores para as pessoas darem o melhor de si”. A disponibilidade total da Ordem para ajudar foi destacada por Miguel Guimarães que considerou ser necessária uma “maior proximidade entre os médicos que trabalham no hospital e as pessoas que têm neste momento a missão de liderar” aquela unidade de saúde, sob pena de começar a haver prejuízos nas condições de assistência aos doentes. As divergências “na forma” de fazer as coisas devem ser corrigidas, garantiu, até porque “toda a gente quer o mesmo: o melhor para os doentes”. “Temos de ter inteligência emocional suficiente para estarmos juntos” com essa motivação, asseverou.

 

Recorde-se que as divergências internas no HDES foram assumidas pelo próprio presidente do Governo Regional, que a 22 de julho defendeu ser necessário “trabalhar em diálogo” para transformar os “desentendimentos de circunstância” entre a administração e os trabalhadores do Hospital de Ponta Delgada num “entendimento estrutural”.

Além da resolução das questões internas, foram mencionadas “várias políticas para melhorar a capacidade de resposta dos serviços de saúde açorianos”, entre as quais “uma política de incentivos mais arrojada”, o “aumento da capacidade de formação” e um melhor aproveitamento da possibilidade de ter “vagas preferenciais”.

Além do bastonário, a comitiva da Ordem dos Médicos foi composta pelo presidente do Conselho Regional do Sul, Alexandre Valentim Lourenço, a presidente do Conselho Médico dos Açores, Margarida Moura, e a vogal do mesmo Conselho Médico, Patrícia Santos. Na agenda desta visita de trabalho constou ainda uma audiência com o chefe do Governo regional e mais duas visitas a instituições de saúde: uma ao centro de saúde de Ponta Delgada e, outra, ao Hospital Internacional dos Açores.