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Atual política de saúde não serve as pessoas

A Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos, reunida dia 14 de maio no Porto, legitimou “todos os médicos portugueses para combater uma política de saúde que não serve os portugueses nem os profissionais”. “É um grito de revolta dos médicos que sentem ser sua obrigação contribuir, de novo, para resgatar o SNS e recuperar as suas características genéticas”, assegura o bastonário da Ordem dos Médicos.

A Assembleia de Representantes, órgão da Ordem dos Médicos (OM) que congrega os representantes de todos os distritos médicos de Portugal, aprovou esta manhã um documento apresentado pelo bastonário da Ordem dos Médicos que traça um quadro geral dos principais problemas da Saúde em Portugal.

O comunicado “Ser médico: As pessoas em primeiro – Defesa da equidade, dignidade e solidariedade”, explica que “os médicos sentem-se frustrados e revoltados por nem sempre conseguirem dar a resposta adequada e desejada às necessidades das pessoas, preservando a dignidade do ato médico e a segurança clínica, dado existirem falhas graves nas condições de trabalho”.

“Há falhas que afetam o exercício da medicina e para as quais a Ordem dos Médicos tem vindo a alertar sucessivos governos e, em particular, o atual ministro da Saúde”, explica José Santos, presidente da Assembleia de Representantes. A falta de capital humano, a ausência de estruturas físicas minimamente adequadas ao exercício da profissão, a existência de equipamentos “fora de prazo” e sem a devida manutenção, a falta de dispositivos médicos e de materiais clínicos adequados são algumas das principais falhas apontadas.

Miguel Guimarães salienta que “todos os médicos do País, trabalhem eles no setor público, privado ou social, através dos seus representantes, responsabilizam o ministro da Saúde por todos os atrasos e constrangimentos que afetaram os nossos doentes durante os dias de Greve. Perante um ministro que já não se interessa pela Saúde dos portugueses, os médicos sentem-se totalmente legitimados para continuar a defender as pessoas e a sua dignidade. Em todas as unidades de saúde, em todas as reuniões científicas, em todas as oportunidades”, acrescenta o bastonário.

“A partir deste momento justificam-se plenamente todas as formas de protesto e de intervenção construtiva que os médicos entendam levar a cabo”, assevera o presidente da Assembleia de Representantes, sublinhando a garantia de que os médicos “não vão ficar de braços cruzados perante uma injustiça sem precedentes que está a afetar de forma insidiosa os portugueses e os profissionais de saúde”.

“É nossa obrigação contribuir mais uma vez para resgatar o Serviço Nacional de Saúde e recuperar as suas características genéticas. Não vamos permitir que o Governo continue a desvalorizar a Saúde colocando-a num plano secundário e deixando-a entregue à gestão burocrática e economicista do Ministério das Finanças”, conclui Miguel Guimarães, que lança um apelo “à união de todos os médicos e a uma participação robusta nos vários desafios que vamos ter pela frente”.

 

Porto, 14 de maio de 2018