+351 21 151 71 00

Apresentação do livro “Quem está contra a Medicina?”

Quem está contra a Medicina? É a interrogação que Miguel Oliveira da Silva nos coloca no seu mais recente livro que foi apresentado na quarta-feira, dia 16 de outubro, na Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa. O autor debruça-se sobre algumas das questões mais problemáticas da Medicina dos nossos dias, principalmente quando os argumentos científicos podem não ser suficientes para modificar comportamentos irracionais e emocionais. O parto planeado em casa, o movimento antivacinas, as terapêuticas não convencionais, o internamento involuntário em Psiquiatria e a identidade de género e respetivo parecer médico são os principais temas abordados no livro.

Para Miguel Oliveira da Silva, quando o diálogo falha, o Estado tem o direito e o dever de impor, em certos cuidados de saúde, medidas involuntárias como último recurso. “Haverá que punir e não ceder a uma retórica de garantida de ‘direitos’ humanos individuais, unilaterais e ilimitados”, pode-se ler.

A apresentação ficou a cargo do psiquiatra Daniel Sampaio que destacou a “ética e a liberdade” como principais mensagens do livro. “A ética é fundamental em todas as dimensões, este livro faz uma grande aposta na ética e uma grande aposta na liberdade de decidir e liberdade de escolher”. Ao ler este livro, podemos perceber todas as dimensões de uma determinada escolha. “A escolha A, a escolha B e o direito legítimo de ter qualquer uma das duas”. “Vamos discutir entre as duas qual é a que tem mais evidência e qual é a que está mais correta”, resumiu. Antes de falar de cada um dos capítulos, Daniel Sampaio sublinhou que o trabalho de Miguel Oliveira da Silva é também um contributo valioso para o aumento da literacia em saúde.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, esteve presente na mesa onde afirmou que esta é uma obra “importante e que merece ser conhecida e divulgada amplamente”. Desde logo destacou a pertinência do título do livro, “quem é que estará contra a Medicina”? O bastonário constatou que, por vezes, as dificuldades que a área enfrenta surgem de fontes inesperadas: “a Assembleia da República aprovou uma Lei de Bases da Saúde em que a palavra “medicina” nem sequer é mencionada”. “Será que são os políticos que estão contra a medicina? Serão os doentes?”, questionou. Miguel Guimarães terminou a esclarecer que “existe apenas uma Medicina”, “a Medicina que está baseada em evidência científica”.

Na mesa esteve também presente o editor da Leya-Caminho, Zeferino Coelho.