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Prémio Maria de Sousa e o apoio a jovens investigadores científicos portugueses

“Se é certo que nada nos fará ultrapassar a perda da Prof.ª Maria de Sousa, não será menos verdade que dar continuidade ao seu legado é a mais nobre forma que temos de a homenagear. Foi por isso que, logo após a sua morte, a Ordem dos Médicos e a Fundação BIAL avançaram com a criação do prémio que nos junta hoje aqui, e que só foi possível concretizar com o empenho e visão de quem valoriza a excelência da liderança na investigação e acredita no presente e no futuro da qualidade dos nossos jovens investigadores”, sublinhou Miguel Guimarães na cerimónia que distinguiu 5 jovens investigadores.

Promovido pela Ordem dos Médicos e pela Fundação Bial, o prémio entregue neste dia foi instituído pela primeira vez este ano e homenageia precisamente a médica e imunologista Maria de Sousa, que morreu em 2020, aos 80 anos, com COVID-19, e visa apoiar cientistas portugueses até aos 35 anos em trabalhos na área das ciências da saúde. O neurocientista e presidente do júri, Rui Costa, referindo a dificuldade em escolher apenas um premiado, elogiou a generosidade da BIAL e da OM que permitiram galardoar não um, mas 5 jovens cientistas. A Ordem dos Médicos e a Fundação BIAL decidiram alargar o número de investigadores apoiados e o valor global do Prémio Maria de Sousa, o que passará a vigorar na presente e em futuras edições.

Depois de enaltecidos pelo presidente do júri, os investigadores principais das equipas vencedoras, apresentaram os seus projetos, deixando palavras unânimes de reconhecimento a Maria de Sousa, como fonte de inspiração, assim como a todos os mentores destes trabalhos, e à BIAL e OM pela iniciativa e oportunidade. Resumimos em seguida o essencial de cada um dos trabalhos:

Daniela Freitas apresentou um projeto com o objetivo de encontrar novos biomarcadores e potenciais alvos terapêuticos em patologias onde é frequente o diagnóstico ocorrer em fases avançadas dificultando a eficácia das estratégias de tratamento. Para tal, vai estudar a “glicosilação de vesículas extracelulares de cancro gástrico e o seu impacto na comunicação inter-celular e o seu papel para a descoberta de novos biomarcadores”.

Sara Silva Pereira propõe-se analisar as proteínas da superfície do parasita Trypanosoma congolense que permitem que se agarre aos vasos sanguíneos e qual a relação entre estas proteínas e a severidade da doença em gado, com forte impacto económico na vida das populações. Com este trabalho espera-se identificar biomarcadores que possam ser utilizados “num dispositivo de diagnóstico portátil para rastrear gado em larga escala e informar a comunidade sobre a virulência das estirpes em circulação e o risco de doença grave”.

Mariana Osswald irá investigar como regular forças dependentes de actomiosina para preservar a integridade de um epitélio, tecido dinâmico constituído por células que revestem todas as superfícies do nosso corpo, formando uma barreira protetora. Espera-se contribuir para compreender melhor certas doenças – obtendo resultados úteis em patologias como o cancro ou doenças inflamatórias.

O trabalho do endocrinologista Pedro Marques visa identificar novos biomarcadores úteis para o diagnóstico de adenomas hipofisários. Para melhorar o diagnóstico propõe-se estudar a interação entre as quimiocinas, substâncias produzidas e libertadas pelas células tumorais, e as células imunitárias e “identificar mecanismos através dos quais esta interação possa promover o crescimento e agressividade tumorais”.

Andreia Pereira realizou um trabalho sobre exploração de biomateriais como nanogeradores triboelétricos para aplicações cardiovasculares no qual propõe-se explorar novas fontes de energia e novos métodos de deteção precoce de obstrução de vasos sanguíneos com o objetivo de obter uma “fonte de energia inesgotável” que possa ser usada em dispositivos cardiovasculares e com isso “melhorar a vida a 420 milhões de pessoas que sofrem destas patologias em todo o mundo”.

 

A cerimónia de entrega das distinções realizou-se no dia 24 de novembro, no Teatro Thalia, em Lisboa, e contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

Foi precisamente António Costa que encerrou a cerimónia referindo Maria de Sousa como uma grande investigadora, uma grande promotora da ciência e uma grande incentivadora das novas gerações, com uma grande preocupação de cidadania.