A sessão de abertura do 28.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, que está a decorrer em Coimbra, contou com a participação de Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, Manuel Teixeira Veríssimo, Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), José Torres da Costa, Presidente da Secção Regional do Norte (SRNOM), Paulo Simões, Presidente da Secção Regional do Sul (SRSOM), Francisco Rocha Gonçalves, Secretário de Estado da Gestão da Saúde, e Ana Abrunhosa, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra. Na intervenção inicial, Manuel Teixeira Veríssimo, deixou uma mensagem clara sobre o caminho a seguir. Defendeu “um rumo em que as listas de espera cirúrgica tenham resposta em tempo adequado, um rumo em que as pessoas saibam usar o sistema”, isto é um rumo em que se aumente a literacia em saúde e com isso se diminua os acessos desnecessários dos utentes às urgências hospitalares, por exemplo. O dirigente regional sublinhou que “para isso é preciso uma reforma profunda do sistema”, uma reforma para a qual este congresso quer contribuir através do envolvimento dos médicos.
O Bastonário Carlos Cortes destacou a singularidade histórica da instituição, lembrando que “a Ordem dos Médicos é uma instituição muito particular pois juntou 3 associações médicas (Norte, Centro e Sul)”, recordando que a OM completou 87 anos esta semana. Apontou os desafios que continuarão a mobilizar a Ordem “a nível sub-regional, regional e nacional”, reforçando a importância de defender a qualidade dos cuidados e a dignidade da profissão. Carlos Cortes dirigiu um agradecimento a todos os médicos que asseguram cuidados de saúde em todo o país, sublinhando que existem “84 portas abertas nas urgências em Portugal”, onde “permanentemente o país, através dos seus médicos e de outros profissionais de saúde”, mantém os serviços a funcionar. Alertou ainda que “não há outro país na OCDE com o impacto e pressão nas urgências como nós temos”, denunciando um modelo excessivamente centrado na urgência, que “consome muitos recursos humanos e financeiros”. Carlos Cortes agradeceu igualmente aos médicos dos cuidados de saúde primários lamentando “a forte carga burocrática" que deturpa a sua ação clínica, sobrecarregando estes profissionais. O Bastonário aproveitou a ocasião para lamentar publicamente que o Ministério da Saúde “desvalorize o papel do médico de família no seguimento das grávidas, um caminho profundamente errado”. Voltando o seu foco para os médicos, enalteceu também os médicos de saúde pública, essenciais para a prevenção, e agradeceu igualmente aos colegas que trabalham fora do SNS, nos vários setores e ministérios. Um agradecimento merecido pois foi graças ao esforço acumulado da classe médica que “com muito pouco criamos o Serviço Nacional de Saúde”, sublinhou, pois os médicos conseguiram "tornar a sociedade mais coesa (...) e colocaram Portugal entre os melhores quanto a indicadores como a mortalidade infantil”, algo que “foi conseguido por todos estes médicos”, que são a verdadeira “força motriz do Serviço Nacional de Saúde”. O representante máximo dos médicos identificou o maior problema do sistema: “O principal problema do SNS é a falta de profissionais”, agravada pela falta de investimento e de atratividade. Num discurso determinado, Carlos Cortes garantiu que “o ato médico não sairá da agenda enquanto não for resolvido, uma exigência não pelos médicos mas pelas pessoas e pela sua saúde”, assegurando que não aceitará “que se ponha em causa a qualidade da medicina ou o direito à saúde de todos, com equidade e justiça”. A sessão de abertura, marcada por discursos firmes e uma visão comum para o futuro, confirmou que este Congresso é um espaço de debate crucial sobre os caminhos da saúde em Portugal, alinhado com o lema desta edição: “Um Rumo para a Saúde”.