A sessão de abertura do 23.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos assinalou, oficialmente, o início dos trabalhos, numa mesa que ficou marcada pelos discursos do bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, do presidente da Secção Regional do Centro da OM, Carlos Cortes, da ministra da Saúde, Marta Temido, da presidente da comissão organizadora do congresso, Catarina Matias, e do presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado. Na mesa estavam ainda o presidente do Conselho Regional do Sul da OM, Alexandre Valentim Lourenço, e, em representação da Secção Regional do Norte da OM, Lurdes Gandra.
“Habituamo-nos a dizer que, na vida, nada é garantido, exceto a morte. A frase, corriqueira para todos nós, portugueses, ganhou uma nova dimensão ao longo do último ano, quando a saúde mostrou por todo o mundo, por todos os países, e por todos os setores de atividade, a sua enorme transversalidade”. Foi assim que Miguel Guimarães iniciou o seu discurso.
O bastonário manifestou gratidão por poder estar novamente, de forma física, junto dos médicos, e propôs um minuto de silêncio de “homenagem aos médicos e a todos os que perderam a vida durante a pandemia”. O momento solene foi seguido de um momento de louvor “aos médicos que deram um exemplo notável a nível nacional e internacional, por continuarem a garantir os cuidados de saúde quando todas as linhas vermelhas foram ultrapassadas”.
Centrando o discurso nos seus colegas, Miguel Guimarães – que é também o presidente do congresso – realçou a coragem, o sentido de missão e a responsabilidade que provou, mais uma vez, que para um médico “nada vale mais do que uma vida”. “A Ordem representa os melhores médicos do mundo”, exaltou, sublinhando que a instituição apontou caminhos, fez sugestões, recomendações e ações “mesmo quando não nos quiseram ouvir”.
“Através do nosso saber, das dezenas de recomendações e pareceres que sempre emitimos, em particular na pandemia, dos nossos Colégios que orientam o que se faz no terreno, sabemos que somos parte essencial da solução. Não há hoje praticamente ninguém que não reconheça o papel visionário do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a COVID-19. É por isso que tenho a gratidão e a maior confiança de que a ciência e a medicina saem mais fortes desta pandemia, e com isso todos nós, portugueses, saímos reforçados. Vamos continuar a ser líderes de um destino em que a saúde, a vida e a dignidade humana serão cimeiras”, concluiu.
Na mesma sessão, o presidente da Secção Regional do Centro da OM, Carlos Cortes, começou por deixar palavras de agradecimento a Miguel Guimarães pela sua “coragem” e pelo seu trabalho em representação dos médicos. O presidente executivo do congresso sublinhou ainda que “se houvesse dúvidas sobre a existência do SNS e a mais-valia dos seus profissionais, a pandemia de COVID-19 veio dissipar tudo isso”. O presidente da Secção Regional do Centro afirmou que “mesmo com falta de meios logísticos e carências de profissionais”, os profissionais fizeram valer a sua dedicação, altruísmo e entrega.
Carlos Cortes, à semelhança do que o bastonário disse, também referiu que não esqueceu todo o empenho feito pela Saúde Pública, pelos médicos de família, pelos médicos nos hospitais, nos lares, pelos médicos reformados e estudantes de medicina, considerando também ser “justo reconhecer” a participação empenhada e, frequentemente decisiva do poder local, das forças da autoridade, das corporações de bombeiros e dos militares de todos os ramos das Forças Armadas, entre muitos outros.
A ministra agradeceu à Ordem o seu trabalho meritório pela saúde em Portugal, deixando um agradecimento público a todos os médicos pelo trabalho efetuado, todos os dias, em prol dos doentes. Marta Temido admitiu que existe a necessidade de recuperar a atividade assistencial, recordando nesse sentido que foram aprovados mecanismos de incentivo financeiro. Esses incentivos, a nível hospitalar, “já permitiram recuperar mais de 82 mil primeiras consultas e 30 mil cirurgias”, de acordo com os dados do Governo. A este propósito, o bastonário tinha antes salientado que o maior problema são os doentes que nem sequer entraram nas listas de espera.
Catarina Matias, presidente da Comissão Organizadora, tinha anteriormente aberto a mesa, com uma saudação calorosa a todos os congressistas que aderiram em massa, tanto presencialmente, como por intermédio de plataforma online. O presidente da autarquia de Coimbra também deixou algumas palavras de apreço a todos os médicos, dando as boas-vindas à cidade, reconhecendo a sua satisfação em que o congresso se realize neste local e destacando o papel que as autarquias tiveram na saúde durante a pandemia.