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Insistir e não desistir na proteção individual e coletiva Liderar e vencer a COVID-19

Em face da situação epidemiológica nacional e internacional, o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a COVID-19 vem salientar e recomendar o seguinte:

 

1. A pandemia SARS-CoV-2 não terminou e, na presente data, a nível global o número de casos confirmados ultrapassa os 9 milhões e o dos óbitos aproxima-se dos 500.000, o que corresponde a uma taxa de letalidade global de 5,2%.

2. Portugal encontra-se, ainda, no estado de calamidade e no decurso da primeira onda pandémica. A maioria da população permanece suscetível e todos estão em risco de contrair formas graves de doença e eventuais sequelas, cuja evolução da doença ainda não permite clarificar.

3. Os números de casos de COVID-19 registados na última semana colocam Portugal com o segundo pior rácio de novas infeções por cada 100 mil habitantes entre os 10 países europeus com mais contágios, apenas atrás da Suécia. Assim, o desconfinamento em curso, deve exigir a todos, inclusive à população supostamente de menor risco, a máxima responsabilidade e a estrita adesão às medidas de saúde pública em vigor, de modo a evitar retrocessos com consequências muito prejudiciais para o país.

4. Portugal é o 7º país na União Europeia incluindo o Reino Unido (atrás do Luxemburgo, Malta, Dinamarca, Chipre, Reino Unido e Espanha) com mais testes efetuados, pelo que a afirmação que há mais casos positivos no nosso país porque se testa mais, está descontextualizada e é socialmente desadequada ao promover a falsa sensação de segurança de que nos outros países há mais casos do que os reportados. Esta falsa sensação de que estamos, igual ou melhor do que os outros países, prejudica o cumprimento das medidas de contenção da doença.

5. O combate aos novos surtos, nomeadamente na região metropolitana de Lisboa, deve exigir uma melhor caracterização dos indicadores epidemiológicos locais e nacionais, processos mais céleres de deteção e atuação, os recursos necessários, nomeadamente o reforço das equipas de saúde pública, bem como medidas de apoio social e o envolvimento das estruturas comunitárias locais na sensibilização da população. O planeamento, a antecipação, a vigilância e a fiscalização são fatores críticos para o sucesso, e devem ser implementados a nível nacional.

6. As viagens aéreas foram determinantes da disseminação global da pandemia e é necessária melhor prova científica, e não opiniões de entidades que possam configurar conflitos de interesses, de que as regras e medidas aplicadas são eficazes e seguras. A clareza e coerência entre todas as medidas, nomeadamente, nas viagens aéreas, ajuntamentos e eventos de massas são fundamentais no envolvimento e cumprimento das medidas de saúde pública pela população.

7. No momento atual é absolutamente essencial manter ou implementar medidas a nível nacional que possam mitigar e eliminar a COVID-19:

– Uso obrigatório de máscara em locais públicos;

– Distanciamento social de 2 metros em locais públicos;

– Medidas de higiene preconizadas pela DGS;

– Evitar reuniões/encontros com mais de 10 pessoas;

– Adiar festas públicas, que não possam cumprir as medidas de segurança coletiva;

– Manter estádios sem adeptos;

– Nos aviões e aeroportos reforçar as medidas de segurança e proteção individual e coletiva, incluindo a generalização da tripla avaliação epidemiológica, e a possibilidade de testar e de quarentena em todos os casos que o justifiquem;

– Nos centros comerciais, escolas, lares e praias cumprir de forma escrupulosa as medidas em curso;

– Implementar nos locais de trabalho horários desfasados para os colaboradores, o teletrabalho quando adequado, e as medidas preconizadas pela DGS;

– Implementar aplicação digital que ajude no rastreio de contactos ao nível do internamento e da saúde pública;

– Comunicação clara, transparente, objetiva e centrada nas medidas preventivas;

– Dinamizar uma prevenção ativa através de vigilância e fiscalização massiva do cumprimento das medidas de contenção e proteção individual e coletiva.

8. Enquanto houver atividade viral na comunidade, o combate e a responsabilidade é de todos nós!

Lisboa, 23 de junho de 2020

O bastonário da Ordem dos Médicos

O Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos

2020.06.23_NI – Insistir e não desistir na proteção individual e coletiva