A diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) considera que a COVID-19 veio reforçar que o setor da saúde, nomeadamente a área da saúde pública, é “um investimento e não um custo”.
Lamentando os milhões de pessoas que morreram, direta ou indiretamente, devido à pandemia, a conferencista não teve dúvidas ao afirmar que esse contexto “coloca-nos na obrigação de aprender alguma coisa e de criar algo melhor do que tínhamos antes”. Estas foram as ideias fortes partilhadas na grande conferência do segundo dia de trabalhos do 23.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, pela oradora internacional.
De acordo com Andrea Ammon, uma das áreas em que é preciso melhorar é a da elaboração de planos de preparação de pandemias, bem como a da operacionalização de uma vigilância efetiva.
“Olhando para trás percebemos que isso não foi o caso em todo o lado, aliás foi até raro. Descobrimos que a forma como os planos de preparação tinham sido montados não captavam todas as necessidades que depois se tornaram visíveis”, constatou.
Para a diretora do ECDC, é necessário também que os planos estejam pensados a nível local, que será a frente de combate em qualquer crise. “Muitos dos planos estavam bem desenvolvidos para o nível nacional, mas nem sempre foi o caso no nível local”, observou.
Um mundo global significa que “estamos todos conectados”, disse, esclarecendo que tudo o que aconteça em termos de doenças infeciosas, seja em que parte do mundo for, será sempre “perto de casa”. A líder europeia aludiu ainda à escassez de equipamentos médicos e de proteção individual que se fez sentir, especialmente num primeiro momento, e alertou que essas áreas devem ser incluídas nos planos de preparação do futuro, potenciando assim uma capacidade de resposta mais célere e até proativa.
A presidência da sessão esteve a cargo de Válter Fonseca, diretor do Departamento da Qualidade na Saúde da DGS, em representação da Diretora-Geral da Saúde.