+351 21 151 71 00

Reflexões sobre a guerra contra o coronavírus…

Autor: Cândido Ferreira

 

Não alimento teorias da conspiração. Sempre afirmei que a atual pandemia é um fenómeno natural, que mais cedo ou mais tarde iria atingir a Humanidade.

Certo é que, talvez com exceção da China e das Coreias, ninguém estava preparado para a ameaçadora “guerra biológica” que enfrentamos.

Em Portugal, para não criar “alarmismo”, evitou-se durante meses a formação, não se tomaram medidas urgentes e até o estado de emergência decorre a conta-gotas. E agora, que “entrámos em guerra”, ainda persistem evidentes falhas de coordenação nos vários “comandos”, como a própria OM e os Sindicatos denunciam.

Verdade incontornável, em qualquer guerra o comando tem de ser entregue a uma hierarquia militar única. Por acaso, em Portugal ainda restam alguns profissionais bem treinados e com magnífica formação em guerra biológica, a quem andámos a pagar para nada. Obviamente, eles teriam de ser assistidos por técnicos e possuir uma rede de informações ao minuto. Só assim se poderá controlar a logística – meios materiais e humanos – incluindo a proteção civil e as quebras naturais verificadas no SNS.

As imagens de horror que nos chegam dos serviços de saúde de Itália, revelam que também a estratégia médica tem de ser rapidamente repensada e corrigida diariamente, sob pena dos magros meios que temos ao dispor perderem toda a eficácia. Deveria entrar em efetividade um conselho técnico-científico de apoio à linha de comando, para avaliação diária e correção, na hora, de procedimentos errados ou desajustados nos Hospitais, incluindo a estratégia de prevenção de complicações e de ataque aos casos mais graves. Mandaria o bom-senso que tal tarefa patriótica, e a única cientificamente defensável, fosse de imediato entregue à coordenação da Ordem dos Médicos. Para que aqui não se repita a desorientação técnica que vai por Itália…

Também desconheço as razões da entrada em “quarentena” de alguns aviões da Força Aérea que, neste momento, deveriam andar a recolher os portugueses abandonados, no estrangeiro.

A política tem muito que fazer e muito está a fazer bem, que não depressa. Sugiro que insista mais no auxílio da China, que aqui tem investimentos de vulto e que agora “investe” noutros países. Necessitamos de muito material que só eles produzem.

Finalmente, insisto, esta guerra é para ser ganha por profissionais e não por amadores. Graças Freitas, que a princípio desvalorizou a pandemia, é uma boa e sensata técnica, neste momento insubstituível. Necessita apenas que lhe garantam um comando operacional.