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Victor Ramos vence Prémio Miller Guerra de Carreira Médica 2017

Médico de reconhecida competência na área dos Cuidados de Saúde Primários, Victor Ramos esteve envolvido no projeto-piloto que inspirou a criação das atuais Unidades de Saúde Familiar. Com 40 anos de dedicação aos doentes, possui grande experiência na administração e gestão em saúde e integrou várias missões internacionais da UE e da OMS. A cerimónia de entrega do prémio Miller Guerra – no valor de 50 mil euros –, que contou com a presença do ministro da saúde, foi dia 29 de novembro, na Ordem dos Médicos.

Miguel Guimarães, bastonário da OM, realçou a ligação do vencedor deste prémio a tantos elementos fundamentais da nossa medicina, realçando a importância das carreiras para a qualidade da formação, falou da humildade e do caráter extraordinário reconhecido por colegas e doentes, “com uma postura deontológica irrepreensível” e sempre na defesa da relação médico/doente.

Toscano Rico, presidente da Direção da Fundação MSD, enquadrou o trabalho da fundação nomeadamente no apoio ao desenvolvimento de novas áreas da medicina, e referindo-se aos candidatos a este prémio sublinhou “a honra de pertencer a uma profissão que apesar de toda a tecnologia ainda tem muito de arte”. Especificamente sobre Victor Ramos enalteceu a forma como, tendo “trabalhado na mais alta esfera política (…) regressou à prática clínica (…) sem se deixar ofuscar pelo poder”.

Adalberto Campos Fernandes, ministro da saúde, encerrou a cerimónia, enaltecendo a medicina de proximidade, frisou a  necessidade de se inovar e fixar médicos onde são precisos, com base não apenas na motivação financeira mas também na melhoria das condições de trabalho e na facilitação da construção de objetivos de carreira.  “É preciso, como disse o Sr. Bastonário, tempo não para ver os doentes mas para estar com os doentes”,  concordou Adalberto Campos Fernandes, defendendo que o caminho é a desburocratização. De Victor Ramos disse: “estamos a homenagear um dos nossos melhores colegas do ponto de vista humano, (…) um homem merecedor do nosso respeito”.

Entregue o prémio, Victor Ramos exprimiu a sua gratidão, em particular aos colegas que impulsionaram a candidatura e explicou que “só aquele dossier já é um prémio” porque “o que dá sentido à vida são as pessoas”.

 

O vencedor: Assistente graduado sénior do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Cascais, Victor Ramos soma 40 anos de prática clínica em prol dos doentes e do desenvolvimento dos Cuidados de Saúde Primários. Os atributos humanistas, os amplos conhecimentos técnicos e científicos e uma vida dedicada à valorização da Medicina Geral e Familiar levaram o júri a atribuir-lhe o Prémio de Carreira Médica de 2017, no valor de 50 mil euros.
Profissional de reconhecida competência na criação e desenvolvimento da carreira de Medicina Geral e Familiar (MGF), Victor Ramos destacou-se pelo trabalho impulsionador das Unidades de Saúde Familiar (USF) e pelo contributo para a reforma dos Cuidados de Saúde Primários. Em 1996, participou no ‘Projeto Alfa’, que serviu de base ao atual modelo de USF, que viria a ser implementado uma década depois, em 2006.
“Este prémio é sobretudo um estímulo para continuar com o meu modesto contributo de carreira para a Medicina Geral e Familiar,” afirma o clínico, ciente das necessidades do país, numa semana em que a Comissão Europeia alerta (no Relatório ‘Perfil de Saúde’ de Portugal) para “uma escassez de médicos de família, situação que poderá agravar-se no futuro com a aposentação dos médicos de família atualmente em funções.”
Victor Ramos sublinha ainda a importância da gestão do tempo na relação com o doente, questão a que a Ordem dos Médicos (OM) tem dado especial atenção, estando a definir tempos-padrão de consulta para as várias especialidades: “A medicina familiar tem de ser atenta, cuidadosa e ponderada, sobretudo perante uma população envelhecida, com problemas crónicos. Mais ainda quando os médicos veem o tempo disponível para o doente consumido pelos dispositivos e aplicações informáticas com que temos de trabalhar”.
Nascido há 64 anos, em Évora, Victor Ramos licenciou-se pela Faculdade de Medicina de Lisboa, tendo ainda uma pós-graduação em Saúde Pública. Médico de família no Centro de Saúde de Cascais, desde 2004, é também docente na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa. Foi cofundador da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e integrou, em 2005, o grupo técnico criado para a reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal. Em 2010, foi nomeado pelo Ministério da Saúde como responsável pela Coordenação Estratégica dos Cuidados de Saúde Primários. Victor Ramos participou em várias missões internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), da União Europeia, entre outras. É autor da obra didática ‘A Consulta em 7 Passos’.
Sobre o estado atual da rede de Cuidados de Saúde Primários, o médico mantém o otimismo na eficácia do modelo, mas deixa o alerta: “É preciso que os decisores políticos ajustem o discurso à realidade e deem, efetivamente, prioridade às USF. Se os Cuidados de Saúde Primários funcionarem bem, todo o sistema de saúde vai funcionar bem”.

Instituído em 2012 pela Fundação Merck Sharp & Dohme e pela Ordem dos Médicos, o júri do Prémio Miller Guerra de Carreira Médica, presidido pelo bastonário da OM, Miguel Guimarães, escolheu Victor Ramos por se ter destacado “por uma carreira exemplar dedicada ao doentes e à defesa de melhores condições da carreira de MGF e dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal, primeira linha na garantia das melhores práticas da Medicina”.
Das 12 candidaturas apresentadas, esta foi para o júri a que melhor se ajustou ao espírito do prémio bienal, que nesta terceira edição se destinou a escolher um profissional da Medicina Geral e Familiar. Em 2013, a primeira edição dedicada à Carreira Médica, distinguiu Mário Moura. Há dois anos, o cirurgião Gentil Martins venceu o Prémio de Carreira Hospitalar, área que volta a ser premiada na próxima edição.
A 3ª Edição do Prémio Miller Guerra de Carreira Médica foi entregue na sede nacional da Ordem dos Médicos, em Lisboa, em sessão solene que se realizou dia 29 de novembro de 2017.

 

Resumo curricular do vencedor do Prémio Miller Guerra 2017

Informação sobre o Prémio Miller Guerra:

O Prémio Miller Guerra foi criado em 2012 como homenagem à memória do professor Miller Guerra (1912-1993), médico responsável pelo célebre Relatório das Carreiras Médicas e discípulo de Egas Moniz, único Nobel da Medicina português.
As candidaturas ao Prémio Miller Guerra – de nacionalidade portuguesa – podem ser apresentadas por instituições de saúde públicas ou privadas, grupos de profissionais de saúde e de cidadãos. Dedicação aos princípios do juramento de Hipócrates, capacidade de liderança e de formação de seguidores e uma profunda vertente humanista no exercício da profissão, sustentados por sólidos conhecimentos técnicos e científicos, são os critérios analisados pelos jurados. As propostas devem integrar documentação relevante que demonstre a excelência das carreiras dos candidatos.
O Júri é composto por um presidente – o bastonário da Ordem dos Médicos –, um vice-presidente – o Presidente da Fundação Merck Sharp Dohme, os três presidentes das Secções Regionais da OM, um representante da sociedade civil designado pela Fundação Merck Sharp Dohme, um membro da comunidade académica designado pelo Conselho de Reitores, o Presidente da Associação dos Médicos de Carreira Hospitalar, o Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e um Secretário designado pela Ordem dos Médicos.
Com o valor pecuniário de 50 mil euros, o Prémio é atribuído é bienal, distinguindo, em cada edição de forma alternada, a carreira médica hospitalar ou a medicina geral e familiar.

Regulamento do Prémio Miller Guerra em:
https://ordemdosmedicos.pt/premio-miller-guerra-regulamento/