O levantamento do uso obrigatório de máscara em espaços interiores foi anunciada pelo Ministério da Saúde e entrará em vigor assim que for publicada em Diário da República. Mas há duas exceções: as máscaras vão continuar a ser obrigatórias nos espaços com “pessoas especialmente vulneráveis”, como é o caso dos hospitais e dos lares, e em espaços com muitas pessoas e de pouca ventilação, como é o caso dos transportes públicos. O uso da máscara em contexto escolar deixa também de ser obrigatório.
No início desta semana, em declarações à CNN Portugal, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, apontava que neste momento já não existia “um fio condutor” que elucide a população sobre as decisões que estão a ser tomadas e as incongruências delas provenientes, tais como o uso obrigatório de máscaras nas escolas e não nas discotecas. Miguel Guimarães, aconselhou a que a DGS se foque por um lado, na atividade do vírus, mas por outro, na gravidade da doença. “O número de doentes internados com doença grave é muitíssimo reduzido. Além disso, o tempo está a aquecer e a atividade do vírus vai começar a diminuir cada vez mais.”
Sobre o levantamento da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços interiores, nomeadamente, nas escolas, o representante dos médicos considerava que “nós temos condições para fazê-lo, mas é importante relembrar que quando as pessoas deixarem de usar máscara, com exceção dos lares e hospitais, é esperado que exista um crescimento na transmissibilidade e na incidência. Contudo, desde que a gravidade da doença não aumente (…) não é um fator dissuasor. Em Portugal, temos cerca de 94% da população totalmente vacinada e este aspeto distingue-nos de muitos países e dá-nos confiança para tomar algumas medidas que noutra forma podiam ser mais difíceis de tomar”, concluiu relembrando que o uso de máscara deve permanecer obrigatório “nos lares e hospitais, sítios onde circulam muitos doentes com imunodepressão, portanto, mais sensíveis a este tipo de infeção.”
A decisão tomada agora pelas autoridades de saúde acaba por ir ao encontro da opinião explanada pelo representante dos médicos.
A nível europeu, foi a Dinamarca que iniciou o levantamento de restrições no início de fevereiro. Seguindo-lhe países como o Reino Unido, a Suécia ou os Países baixos que avançaram com levantamento de medidas de combate à Covid-19, entre elas a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços interiores. Já a vizinha Espanha, determinou o término da obrigatoriedade de máscara em bares, a partir do passado dia 20 de abril, contudo o uso permanece obrigatório nos transportes públicos, centros de saúde, farmácias, lares e locais de trabalho que não reúnam condições exigidas nos critérios de prevenção da Covid-19.