O Governo deu luz verde aos hospitais para suspenderem cirurgias e outra atividade programada não urgentes. Recorde-se que os dados oficiais do ministério da Saúde indicam que no presente ano poderão ficar por fazer cerca de 150 mil cirurgias.
Só nos primeiros 7 meses de 2020 verificaram-se menos 900 mil episódios de urgência hospitalar, em comparação com igual período no ano passado, uma redução que se acentua nos atendimentos mais graves (pulseiras vermelha, laranja e amarela). Estes dados estão disponíveis no portal da transparência.
Preocupado com esta decisão, o bastonário da Ordem dos Médicos participou no Fórum TSF onde sublinhou que seria de esperar que a tutela tivesse um plano “preparado há vários meses” para fazer face à pressão que se sente nos hospitais, nomeadamente na região Norte.
Miguel Guimarães analisou o Despacho que confere a possibilidade dos hospitais suspenderem atividade não-urgente, mas considera que o ministério da Saúde não dá qualquer solução para ajudar as instituições em dificuldade. “Não existe neste Despacho que a senhora ministra fez, qual a solução que se deve encontrar para que todos os doentes tenham acesso a cuidados de saúde”, realçou.
O bastonário recordou que desde abril que a Ordem dos Médicos tem vindo a chamar a atenção para a necessidade de retomar todos os cuidados aos doentes “não-Covid”. “Se nesta segunda onda não temos uma alternativa e se não existe de facto um plano, vamos ter um problema muito sério”, alertou.
Problema que se coloca em doentes que não terão o tratamento adequado, no tempo adequado, criando morbilidades que poderiam ser evitáveis. “Isto não é aceitável”, afirmou Miguel Guimarães.
Ouça a intervenção do bastonário: