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Textos sobre ética médica e outras reflexões e inquietações por Manuel Mendes Silva

O mais recente livro da autoria do urologista Manuel Mendes Silva – “Olhares diversos – Para o lado, para cima e para dentro, além de em frente” foi apresentado na Ordem dos Médicos no dia 7 de fevereiro de 2024. Na abertura da sessão, Paulo Simões, Presidente do Conselho Regional do Sul, frisou o gosto de “estar em mais um evento em que é lançado um livro que tem algumas reflexões sobre ética, deontologia, sobre aquilo que é a essência da medicina”. Um livro sobre a relação médico-doente, frisou, “que nos deve fazer pensar” e refletir no contexto da digitalização, da inteligência artificial, um “novo mundo” do qual não podemos – nem queremos fugir – mas que “não substitui nunca aquilo que é o contacto humano, a palavra e o olhar”. Essa é, aliás, a mensagem que Paulo Simões diz sempre aos seus alunos e internos: “nunca se esqueçam que, enquanto médicos, são, sobretudo, pessoas que devem contactar, falar e transmitir aquilo que é humano e humano é o cuidado. Portanto é fundamental que a medicina, sendo tão tecnológica como é cada vez, não perca essa qualidade que é a que nos caracteriza a todos nós, enquanto médicos, que é o nosso humanismo”.

Em seguida, Abranches Monteiro, ex-Presidente da Associação de Urologia, enalteceu o olhar para o doente que está espelhado neste livro. Um olhar que é “manobra de semiologia” essencial no processo terapêutico, semiologia que realça o contacto humano e o olhar para o doente, algo que “esta geração a que pertence o Dr. Mendes Silva” tão bem representa e que também está presente na sua escrita. Como se pode confirmar nas páginas deste livro onde podemos ler que “a semiologia clássica tem ainda um relevante papel que não deve ser substituído, mas sim complementado, pelas tecnologias”. “É para mim uma honra tentar seguir os passos tão nobres deste nosso amigo”.

Já Maria João Paiva da Bythebook fez questão de agradecer “ao autor que depositou a sua confiança na editora” para um trabalho de equipa em que foram “cúmplices”, realçando o gosto que é trabalhar com um autor que ouve e reflete sobre as sugestões que são feitas, permitindo chegar “a um resultado que orgulha” a todos os envolvidos.

 

 

 

 

 

 

O Bastonário, Carlos Cortes, que aceitou fazer a apresentação desta obra, partilhou com a assistência o que este livro lhe transmitiu de sentimento. “Verdadeiramente a obra tocou-me desde as primeiras palavras”, “demorei-me na leitura porque decidi sentir o que estava escrito” e, desde as primeiras linhas, “como médico humanista, como médico preocupado, identifiquei-me e quis sentir” as palavras de Manuel Mendes Silva, de quem frisou precisamente a vertente de homem bom, ético, homem de família e “a veia humanista que é bem patente neste livro” e que se reflete “na preocupação com o sofrimento do outro” e com a tentativa de o aliviar. Além das relações familiares, íntimas e inquebráveis, também a ligação médico-doente, igualmente íntima e inquebrável, está descrita nestes ” “Olhares diversos”. Frisando que ao publicar, o autor perde, de certa forma, a propriedade interpretativa da obra, que passa a ser do leitor, Carlos Cortes foi partilhando um pouco da sua interpretação de um livro onde se fala sobre saúde, medicina e ética. “Uma obra preocupada” que transmite “o olhar inquieto do autor sobre o mundo e as turbulências em que o vê envolvido”, nomeadamente em questões fraturantes, “que nos fazem refletir sobre a essência da medicina, da ética e da deontologia médica”. “Como médico, para esta leitura, retirei-me do mundo exterior e escolhi debruçar-me também eu sobre estas questões”, acompanhando linha a linha quer as inquietações de Manuel Mendes Silva quer, os caminhos e soluções que aponta. “O autor acorda-nos, espevita-nos, para que não nos deixemos deslumbrar pelas tecnologias, para que voltemos sempre ao essencial, esse essencial que foi realçado por Paulo Simões: o humanismo”.

“Esta obra é generosa para com os médicos, para com a sociedade. É um guia, um a manual que pode ser muito útil para os médicos de todas as gerações e também para o seu Bastonário”, garantiu, mencionando a intenção de revisitar este livro e os comentários nele partilhados por Manuel Mendes Silva, voltando sempre ao conceito d’o “médico ao serviço do doente”. Carlos Cortes terminou, citando uma passagem do livro em que se caracteriza a relação médico/doente: “É uma relação de informação e de verdade, embora dita de forma adequada e sensata. É uma relação de palavras, de olhares, de sorrisos, às vezes de lágrimas, e também de pequenos gestos de carinho. É uma relação em que alguém, frágil, vulnerável e sensível, doente, se desnuda física e psicologicamente para que outro, o médico, em quem ele confia, o analise e o ajude, para que tente resolver com competência e humanismo o seu problema, o seu sofrimento, os seus medos, os seus fantasmas. É uma relação em que, de um lado, se salvaguarda a não maleficência e a beneficência, se atende à autonomia, à equidade e à justiça, e de ambos se observa o respeito mútuo, o civismo, a dignidade e a liberdade individual”.

No final, antes de autografar o livro a quem o solicitou, Manuel Mendes Silva proferiu palavras de agradecimento a muitas pessoas e instituições que o ajudaram na realização do livro, designadamente à Associação Portuguesa de Urologia, aos colegas e amigos que de alguma forma o incentivaram ou contribuíram para as suas reflexões, bem como a quem preparou a cerimónia desta apresentação, nomeadamente à Ordem dos Médicos. Do conteúdo que o leitor pode esperar encontrar na sua mais recente obra, o conceituado urologista deu testemunho da esperança de que estas reflexões sejam sempre um enriquecimento. Mas, salvaguardou, ao leitor caberá a última palavra, ainda que a sua “intenção tenha sido boa, solidária e transparente”.

À semelhança de outras edições de Manuel Mendes Silva, todos os direitos de autor revertem a favor da Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro