O 42º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia realizou-se de 2 a 4 de Novembro de 2023 no Centro de Congressos do Algarve em Vilamoura. Carlos Cortes esteve presente na sessão de abertura onde partilhou com os colegas a apreensão com o momento atual, mas também a disponibilidade da Ordem dos Médicos ser parte da solução. “A visão que eu tenho da Ordem dos Médicos é no domínio técnico; A Ordem não é um sindicato, não é um partido político e por isso gostava que o Governo fosse capaz de perceber que é a capacidade técnica e a sua independência que nos pode ajudar a ultrapassar os problemas atuais” que afetam o Serviço Nacional de Saúde. Congratulando-se com a presença dos colegas brasileiros, “com quem temos desenvolvido profundas relações de cooperação”, o Bastonário frisou a sua “profunda preocupação com o momento que o SNS está a passar” e defendeu o papel que os médicos e a sua Ordem devem ter para que ultrapassemos esta fase negativa. Nesse sentido, Carlos Cortes anunciou a criação de um grupo de trabalho a ser constituído com o Ministério da Saúde para a revisão da carreira médica, a qual, defende, deve ser transversal, “independentemente do local de trabalho e do setor” em que os médicos desempenhem a sua atividade.
Na mesma sessão, que foi presidida por João Gamelas, presidente da direção da SPOT – Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, interveio Adalberto Campos Fernandes que partilhou dessa visão do Bastonário da Ordem dos Médicos: “Portugal tem uma atitude conservadora em relação às mudanças e às reformas”, lamentou, mencionando a “falta de abertura para aceitar o envolvimento dos setores privado e social” na resposta geral à população. Esta “rigidez” dificulta os processos de reforma. “Se não vencermos essa resistência que, infelizmente em Portugal é prevalente, não resolvemos os problemas da saúde em Portugal”.
Para Adalberto Campos Fernandes, há uma perceção de dificuldades que não corresponde por completo à realidade. “As dificuldades existem”, mas considera que estas “grandes dificuldades” são essencialmente “de organização” e resultam do aumento da esperança de vida “porque nos últimos anos ganhámos 20 anos de vida” mas “ainda não ganhámos a batalha da qualidade, porque os últimos 11 anos da nossa vida são ainda muito marcados pela doença. (…) Temos muito trabalho para fazer”, concluiu.
Parte desse trabalho, “de mediador entre quem sofre e o poder político que tem a obrigação de decidir a cada momento”, cabe aos médicos e ao seu representante máximo, Carlos Cortes, frisou o ex-Ministro que assumiu ser “contra a adulteração do estatuto da OM pois uma ordem responsável, com competências delegadas pelo Estado, é essencial para a defesa da medicina, a segurança dos cuidados e a proteção dos doentes”. “Temos que apoiar a Ordem para uma atitude digna, responsável, equidistante dos partidos e, sobretudo, que não aconteça como no passado e que não seja instrumentalizada pelos sindicatos. (…) A Ordem é uma entidade de Estado que deve ter a capacidade de dialogar com o Estado com autonomia e independência”, defendeu Adalberto Campos Fernandes durante o 42º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, concordando com o Bastonário no conceito de qual o papel que compete à OM e que é bem diferente do que pertence aos sindicatos. “Carlos Cortes é o Bastonário certo no tempo certo”, considerou, pois tem as características e a capacidade adequadas a ajudar o país a ultrapassar esta fase tão complexa.
Adalberto Campos Fernandes apelou a que “não se funcionalize os médicos”, não se lhes “ponha grilhetas” e que se reconheça o valor dos médicos em todas as fases da carreira, mencionando como os “formadores são aqueles que trazem transição do conhecimento e da experiência” porque “o SNS não é um conjunto de diplomas legais com uma carreira escrita, com índices, regras e graus. O SNS é a passagem do conhecimento e da experiência dos mais velhos para os mais novos. É equipa. É escola. É o espírito de transição!”