A receção aos novos médicos internos sempre foi um momento especial na Ordem dos Médicos, assinalado nas várias regiões. Na passada quinta-feira, dia 25 de março, foi a vez de Viana do Castelo acolher os recém-chegados. Contudo, em tempos de pandemia, a cerimónia sofreu adaptações e foi realizada online, mas não se perdeu o espírito de partilha e de entusiasmo pela nova etapa que estes jovens médicos iniciam. Presente na cerimónia, o bastonário da Ordem dos Médicos fez questão de destacar “o papel especial que os médicos internos representam no Serviço Nacional de Saúde, já que ao mesmo tempo que aprendem ensinam e estimulam também os colegas mais velhos”. “Sem os médicos internos, o SNS desfazia-se como um castelo de cartas”, enfatizou Miguel Guimarães.
O bastonário dirigiu uma palavra a todos os médicos presentes, elogiando o trabalho que fizeram durante a pandemia. “Saber fazer acontecer é uma característica que os médicos têm tido e que demonstraram de forma ampla mais uma vez. A liderança clínica foi o que permitiu ao nosso país dar uma resposta satisfatória em alturas extraordinariamente difíceis, por decisões políticas atrasadas que tiveram consequências na capacidade de resposta”, salientou Miguel Guimarães, que aproveitou o momento para recordar que os hospitais liderados por médicos acabaram por ter uma melhor capacidade de resposta e adaptação.
Sobre o futuro dos internos, o bastonário recomendou que equilibrem sempre a dedicação ao trabalho com as outras esferas da vida, lembrando que os índices de burnout e de sofrimento ético têm sido cada vez mais expressivos. Miguel Guimarães reconheceu que, infelizmente, por parte do poder político não tem existido a devida valorização dos médicos, apontando que nem o Orçamento do Estado para 2021 nem o Plano de Recuperação e Resiliência dão um novo ânimo às condições de trabalho e carreiras médicas.
A sessão de receção começou com uma intervenção de Nelson Rodrigues, presidente da Sub-Região de Viana do Castelo da Ordem dos Médicos, que recordou a importância dos valores humanistas no ser médico e que lembrou que a Ordem está aberta e ao serviço de todos, instando os presentes a proporem novas ideias e participarem nas várias atividades.
Seguiu-se uma apresentação do cirurgião Rui Escaleira sobre os desafios do internato, época que comparou com o que é exigido aos atletas de alto rendimento, de quem se espera sempre elevada performance. Por isso, alertou que é essencial equilibrar o trabalho com o descanso e gerir o esforço e cansaço ao longo dos vários anos. “Sem saúde não há performance”, lembrou, apelando a que os internos procurem apoio sempre que necessário e que não abdiquem de direitos essenciais pelos quais a Ordem dos Médicos lutou, como o descanso compensatório após o serviço de urgência.
Já o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, António Araújo, deu as boas vindas aos recém-chegados e destacou as várias dimensões de ser médico, que implicam abraçar cada vez mais áreas, como dedicar tempo à gestão ou fazer investigação clínica para melhorar a qualidade dos cuidados prestados.