A Ordem dos Médicos expressa a sua preocupação pelo estado de progressiva degradação que atinge o SNS neste início de 2018. De Norte a Sul do país o panorama é idêntico. Falta de profissionais, falta de condições assistenciais, centros de saúde pouco preparados para responder às necessidades, incapacidade de serem ativados planos de emergência, entre outros.
O SNS tem vindo a demonstrar crescentemente a sua incapacidade de reagir a situações de stresse. De facto, sempre que ocorrem momentos fora da normalidade revela-se uma clara incapacidade de reagir e de atuar. Os planos de contingência existem mas dificilmente há autorização para serem acionados. A visão economicista e o bem tratar os portugueses entram com frequência em choque.
É pois incompreensível que, sabendo-se da chegada do inverno e do pico da gripe, nada tenha sido feito para abrir concursos públicos para as várias centenas de jovens especialistas hospitalares e de saúde pública que concluíram o internato em abril e em outubro de 2017, contrariamente ao que tem acontecido ao longo dos anos. Quando o Ministro da Saúde apregoa a defesa das carreiras e a sua preocupação com os portugueses não se entende por que motivo não se abrem vagas na carreira médica para os especialistas que já tem ao seu dispor.
Não se contratam especialistas para iniciarem a sua carreira, mas continuam a contratar-se milhares de horas a empresas de prestação de serviços, que sistematicamente deixam postos de trabalho vazios e doentes sem médicos.
Se se recorre a contratação de tarefeiros e de empresas é porque existem necessidades. Se existem necessidades porquê manter especialistas altamente diferenciados sem serem contratados?
A Ordem dos Médicos vem mais uma vez denunciar esta situação. Relembramos que dentro de dois meses irão concluir a especialidade mais umas centenas de jovens médicos, sem que os últimos dois concursos tenham sido abertos. Esta situação de anormalidade é da exclusiva responsabilidade dos Ministros da Saúde e das Finanças.
Os médicos e os portugueses esperam que o Governo defenda intransigentemente o SNS não só nas palavras, mas também nos atos. Só assim será possível manter o SNS como todos o fomos conhecendo: um SNS de qualidade para todos os portugueses.
Conselho Nacional da Ordem dos Médicos
Lisboa, 10 de janeiro de 2018