O Centro Materno Infantil do Norte (CMIN), integrado no Centro Hospitalar e Universitário do Porto, partilha anualmente parte da sua experiência num congresso em que promove o debate sobre temas essenciais. Este ano o mote central foi “Saúde global: prevenir e agir | Global Health: Prevent and Act”. Carlos Cortes participou na mesa de abertura no dia 28 de junho no ICBAS na cidade do Porto.
Caldas Afonso, Chair deste encontro científico e Tesoureiro do Conselho Nacional da Ordem dos Médicos referiu, durante a mesa de abertura, os grandes passos que a ciência deu em prol da humanidade com a invenção dos antibióticos, a descoberta da penicilina e a implementação da vacinação. Este último avanço, permitiu-nos quase esquecer algumas doenças que eram, há poucas décadas, comuns e para as quais não tínhamos solução terapêutica eficaz e que muitas vezes contribuíam para a mortalidade infantil. Foi precisamente esse o principal realce da sua intervenção: a prevenção e a ação consequente. “A saúde não pode ser vista exclusivamente do ponto de vista curativo mas sim num conceito global que começa na prevenção. No entanto, identificar os problemas sem agir sobre eles não serve de nada. Saúde global é prevenir e agir”, mencionou Caldas Afonso recordando ser precisamente esse o mote deste CMIN SUMMIT’23. Uma ação que se quer alargada, como explicou o Professor Catedrático especialista em Pediatria, envolvendo a vida animal e o ambiente mas também “os nossos modelos de alimentação e comportamentais”, por exemplo.
Também o Bastonário, Carlos Cortes, que integrou a mesa de abertura do encontro, enalteceu o tema pela sua “enorme modernidade”, lembrando como o conceito de One Health faz muito sentido principalmente se tivermos em conta toda a aprendizagem resultante da pandemia. E, concordando com o Chair do encontro, alertou que além da prevenção “é necessário agir” sobre o conhecimento que temos. Elogiando a sinergia entre os conhecimentos da prática da medicina, da formação e da investigação, o Bastonário realçou a importância do Serviço Nacional de Saúde e como o desenvolvimento da medicina ao longo dos milénios se materializou na concretização do SNS. O Bastonário lamentou a forma como muitos dos valores da ciência são postos em causa e enquadrou, nesse contexto, algumas críticas à revisão dos estatutos, especialmente quanto a alguns parâmetros estabelecidos na Lei Quadro como é o caso da criação de um órgão de supervisão. O problema deste órgão, explicou, é naturalmente a sua constituição pois define a Lei que será “maioritariamente não medico” apesar de ir intervir em matérias técnicas e científicas da medicina, situação que causa estranheza, perplexidade e apreensão.
Também o facto de se estatuir que o provedor do doente deve ser um não médico merece a crítica do Bastonário. Ainda assim, o responsável máximo da Ordem dos Médicos admitiu que na questão dos estatutos “houve uma evolução positiva”.