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As médicas portuguesas Maria do Sameiro Barroso, que coordena o Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos, e Amélia Ricon Ferraz, foram eleitas como como vice-presidente e conselheira, respetivamente, da direção da Sociedade Internacional para a História da Medicina (ISHM). Esta instituição fundada em Paris em 1921 tem o objetivo de auxiliar e apoiar o estudo histórico de todas as questões relativas às ciências médicas e biomédicas e, mais geralmente, a todos os ramos da medicina. A ISHM procura melhorar a comunicação entre os interessados nestas disciplinas para promover o ensino e difundir o conhecimento sobre estes temas a nível mundial. Para isso, a sociedade patrocina e supervisiona a organização de congressos internacionais semestrais de História da Medicina e tópicos relacionados. Amélia Ricon Ferraz é delegada nacional nesta sociedade há vários anos. A votação aconteceu durante o 49 Congresso da Sociedade Internacional de História de Medicina que decorreu em Salerno em outubro de 2024. Durante esse congresso Maria do Sameiro Barroso foi, a par com Luca Borghi, chairman da sessão sobre as mulheres na medicina ao longo dos tempos.

Decorreu na Universidade de Kant e no Museu do Âmbar, em Kaliningrad, antiga Königsberg, na Prússia Oriental, entre os dias 14 e 17 de Setembro de 2015, o congresso sobre o “Âmbar na História da Medicina”. Maria do Sameiro Barroso participou no congresso, a convite da organização, tendo apresentado a conferência “Amber, Ingredient of the Costliest Portuguese Compounds: Identification and Medicinal Use in the Medieval Anglo-Norman Lapidaries”, representando o Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos de cuja Direção faz parte. O âmbar, resina fossilizada proveniente de florestas fossilizadas no Eocénico, cujo elemento terapêutico essencial é o ácido sucínico, foi abordado por investigadores provenientes sobretudo da Rússia, Biolorrússia, Letónia e Lituânia, em múltiplos aspectos da sua vasta e rica história, e de relevantes estudos bioquímicos e terapêuticos. O congresso foi complementado por vários eventos, dos quais se destacou a visita a Gesaria (Amberland), onde o âmbar é extraído a partir da camada azul da estratigrafia costeira e é apanhado na praia pelos pescadores de âmbar e por uma magnífica exposição “Amber, Myths and Science”.

Realizou-se no dia 29 de Março de 2014 na Sociedade de Geografia de Lisboa o debate cívico Colina de Santana – existem alternativas, organizado pelo Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos, ICOMOS Portugal, ICOM Portugal e pela Secção de História da Medicina da Sociedade de Geografia de Lisboa.
As intervenções de José Aguiar, do ICOMOS Portugal e da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, Maria João Torres, do ICOMOS Portugal, Maria Ramalho, do ICOMOS Portugal e Vítor Serrão, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Coordenador do Instituto de História de Arte, podem ser consultadas em www.icomos.pt

Vítor Freire – INTERVENÇÃO NO DEBATE CÍVICO
Felicitamos as entidades organizadoras deste evento, e agradecemos o convite.
Gostaria de assinalar estarmos reunidos na mesma belíssima sala da Sociedade de Geografia, onde se realizaram em 1906 as sessões plenáriasdo do XV Congresso Internacional de Medicina, um grande acontecimento ciêntífico, cujo principal organizador foi o Prof. Miguel Bombarda.
Apesar de algumas vitórias alcançadas, o património da Colina de Santana e dos seus Hospitais continua em risco.
As recomendações da Assembleia Municipal, embora em vários aspectos positivas, só conseguiram suspender os Projetos de Loteamento, que aguardam talvez melhor oportunidade.
O Hospital Miguel Bombarda será o de maior risco, dos hospitais da Colina. Não integrou o Centro Hospitalar Central, está encerrado há três anos, e integra imóveis de enorme valor com proposta de Classificação ainda pendente.
Chamamos à atenção, que desde há uns meses, o recinto do Hospital apresenta aspecto desolador, com sujidade e desalinho no Balneário, arruamentos e espaços verdes.
Primeira instituição psiquiátrica do país, fundada em 1848, o Hospital Miguel Bombarda é um testemunho único da História da Psiquiatria e da Assistência aos Doentes Mentais, reflectindo todas as suas fases evolutivas, em termos de tendências e de inovações médico-científicas, culturais e sociais.
Essa evolução é documentada por um arquivo integral e multifacetado desde 1848, com dezenas de milhar de processos, clínicos, administrativos e forenses, por doente, de correspondência, de pessoal, mais de 5000 fotografias, 1100 das quais de doentes, desde o século XIX, etc, e por um precioso acervo de arte de doentes, de todas as décadas do século XX, com mais de 5000 exemplares, ambos sem paralelo em Portugal e de importância europeia.
O Hospital forma um extraordinário Conjunto Patrimonial, de imóveis de diversificadas tipologias e de excepcional valor arquitectónico e histórico, ímpar no país, e até a nível mundial, organicamente complementares, a maioria construídos de raiz, funcionalmente inovadores para a época, segundo filosofias assistenciais específicas e avançadas, além de representar a memória da quinta, do convento e do hospital, no centro de Lisboa.
O Hospital Miguel Bombarda é um património único da cultura portuguesa e muito raro a nível internacional, íntegro nas suas diversas componentes: histórica, arquitectónica, arquivística e de arte de doentes.
Somente o Balneário e o Pavilhão de Segurança, estão classificados desde 2010, como Conjunto de Interesse Público.
Assim foi apresentada em Março de 2013 a Proposta de alargamento desse Conjunto Patrimonial, com a Classificação de outros imóveis do Hospital, com Memória Justificativa irrefutável em 3 volumes, pelas Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saude Mental, Sociedade Portuguesa de Neurologia, Sociedade Portuguesa de Arte Terapia, Associação Portuguesa de Arte Outsider, pela Cogregação da Missão de S. Vicente de Paulo, por dois dos mais importantes historiadores de arte do país, com declarações de apoio, Prof. Raquel Henriques da Silva e Prof. Vítor Serrão,
Em Julho a Proposta foi também subscrita por Sarah Lombardi, diretora do famoso Museu de Art Brut de Lausanne, Suiça, o melhor e maior do mundo nesta categoria de arte, e de Thomas Roeske, diretor do Museu Prinzhorn, de Heidelberg, e presidente da European Outsider Art Association.
Esta Proposta de Classificação tem sido quase ignorada nos debates e intervenções sobre a Colina de Santana
O Sector Técnico da Direção Geral do Património Cultural emitiu em Julho/Agosto parecer favorável à classificação de todo o Conjunto proposto. Aguarda-se posição definitiva do Conselho Consultivo e decisão da Direção-Geral e da Secretaria de Estado da Cultura.

Quanto ao Museu do Hospital Miguel Bombarda
Fundado em 2004, foi visitado por mais de 25000 pessoas, a maioria estrangeiros, apesar de pouco divulgado, e é membro da Associação Europeia dos Museus de História das Ciências Médicas e da Associação Portuguesa de Museologia. Exibe uma pequena parte do acervo do Hospital.
A manutenção e desenvolvimento do Museu foram recomendadas ao Governo pela Resolução nº 99/2011 da Assembleia da República e recentemente, a 25 de Março, pela Assembleia Municipal de Lisboa.
Não queremos tudo, queremos uma dimensão auto sustentável
A nossa proposta mínima, (das entidades subscritoras da Classificação apresentada em Março de 2013) é a existente desde 2010, apoiada então por prestigiadas personalidades da cultura e ciência, de alargamento e desenvolvimento a breve trecho do Museu Miguel Bombarda para o Edifício Principal, além do Balneário e do Pavilhão de Segurança, de um Museu de Psiquiatria  e de Arte de Doentes e Outsider, “in situ”, dinâmico, de turismo cultural, e revitalizador da zona, englobando todo o acervo e os arquivos, com centro de investigação científica, e expondo arte de doentes dos mais de 60 ateliês do país e com intercâmbio internacional. Um museu que constituirá uma destacada mais-valia para a imagem de Portugal no mundo científico e cultural.
Portanto, a Cultura e a Arte para revitalizar a Colina. Será um Museu separado ou autónomo do Museu Geral, preferencialmente no Hospital de S. José, em moldes a definir, com vantagem maior que a soma das partes, sob a égide e apoio do Museu da Saúde (INSA) do Ministério da Saúde.
A reutilização ideal do Complexo do Hoospital Miguel Bombarda seria a criação de um Pólo Cultural, já proposto superiormente, onde, além do Museu, os amplos Edifícios das Enfermarias seriam dedicados a exposições de artes plásticas promovidas pelo Município, que permutaria os terrenos com a Estamo.
Mas outras soluções serão possíveis, incluindo outros parfceiros e entidades, e se mantivermos um diálogo franco, em prol da Cultura portuguesa.
Devemos salientar a recomendação e tendência museológica internacional dos últimos 15 anos, para a fundação de Museus autónomos de Psiquiatria com componente de Arte Outsider, devido à sua especificidade, e com o objectivo (além da educação e fruição) de promover a saúde, ao combater o estigma da doença mental através da informação junto do grande público, e de elevar a auto estima dos doentes.
Salientemos alguns Museus de Psiquiatria recentes:
Museu Ovartaci, Risskov, Dinamarca
Museu Dr. Guislain, Bélgica
Museu Nacional de Psiquiatria, de 2005, Haarlem, Holanda
Museu Laboratório da Mente, de 2008, Roma (prémio do ICOM para melhor museu de Itália 2010)
Museu de Psiquiatria San Servolo, de 2006, Veneza
Museu de Saúde Mental, de 2013, Salem, Estado de Oregon, USA
Museu de Psiquiatria de Wakefield, de 2014, Reino Unido

De salientar alguns imóveis do Hospital:
1.Edifício Principal
Imóvel erguido desde 1720 (na então adquirida Quinta de Rilhafoles) para Casa-Mãe da Congregação da Missão, com uma tipologia sui generis, concebida para as actividades religiosas segundo o ideário de S. Vicente de Paulo, austero, com vasta área destinada aos residentes dos retiros e aos alunos dos seminários, em detrimento da dimensão da Igreja ou da existência de claustros.
Das raras instituições religiosas de Lisboa a resistir incólume ao terramoto de 1755, conserva a quase totalidade das instalações originais, tal como demonstram as plantas de 1835, agora descobertas.
A Congregação da Missão, de S. Vicente de Paulo, contribuiu significativamente para a modernização da Igreja em Portugal, e os seus missionários, saídos de Rilhafoles, substituíram os Jesuítas após 1759, dirigindo as escolas e os seminário em Goa, Macau, e Pequim, garantindo a continuidade do ensino do português e do cristianismo na Ásia. Integra actualmente a Família Vicentina, muito activa no país.
No Edifício Principal destacam-se:
Igreja – em estilo rocaille inicial, de sóbria decoração vegetalista, extremamente singular na arquitectura religiosa em Portugal.  mantém a quase totalidade da feição original,
Celeiro e Adega – no lado nascente do edifício, com imponentes arcadas de volta inteira em lioz, e colunas de secção quadrangular
Salão Nobre com azulejaria barroca do século XVIII, inclui painel com cena contínua de 14 metros de extensão
Escadaria em ferro da entrada principal, do Arq. J. M. Nepomuceno
Gabinete onde o Prof. Miguel Bombarda foi assassinado em 3 de Outubro de 1910, por um doente monárquico – o principal testemunho material da Revolução Republicana existente em Portugal, conserva a feição da época, e o retrato do duque de Saldanha com a marca de uma das balas, e lápide.
Sala das Arcadas
Sala do Museu de Arte de Doentes e dos Cursos de Psiquiatria – de 1898, dos primeiros museus do mundo dedicadas à Arte dos Doentes Mentais e Neurológicos, fundado pelo Prof. Miguel Bombarda c.1894, um local de enorme importância histórico-cultural, em termos internacionais. Note-se que só em 1900 se realizou em Londres a primeira exposição de arte de doentes com perturbação psíquica.
…………..
O Pavilhão de Segurança, de 1896, destinado a doentes presos transferidos da penitenciária, da autoria do arquiteto José Maria Nepomuceno, é um belíssimo edifício vanguardista e revolucionário, sem paralelo internacional, que antecede em mais de 30 anos o design e a arquitectura modernista dos anos de 1920-1930, pela nova linguagem de arredondamentos de arestas em bancos e portas, para evitar contusões, e em todo o exterior do Corpo Circular. De referir ainda ser um dos sete edifícios panópticos existentes no mundo, e o único com pátio a descoberto, para os doentes se manterem fora dos quartos durante o dia.
Em 2005-2007, foi meticulosamente restaurado

O Balneário D. Maria II, de 1853, elegante e ao gosto romântico dos utentes da cidade, destinado a banhos terapêuticos para doentes externos e internados, é considerado o melhor da Europa do seu tempo e conserva o equipamento original.
– elegância da arcada com azulejaria de fachada
– Uma das 12  banheiras em pedra lioz, esta para banhos de onda
– Piscina e uma das 2 cabines de duche lateral e vertical
– Tubagem de cobre de cabine
– Banco de cabine
– Tina de mármore para banhos semi-cúpios

2. O Edifício de Enfermarias em poste telefónico (de 1885-1894), é da autoria de José Maria Nepomuceno, o arquitecto do Pavilhão de Segurança.
A investigação revelou que é o primeiro edifício do mundo com racional implantação em poste telefónico (facilitando a circulação de pessoas e materiais), antecedendo o edifício de Fresnes, Paris, de 1898.
Além desta característica revolucionária, e de esteticamente ser um edifício pré modernista, sem decorativismos, segue os celebrados princípios básicos do hospital psiquiátrico ideal, estabelecidos por Esquirol cerca de 1828: de um só piso, proporcionando segurança ao evitar suicídios, e debruçado sobre espaços ajardinados para passeio.
Constitui assim um marco na história da arquitectura psiquiátrica de enfermarias não asilares, pela sua perfeita adequação assistencial.
3. O Edifício de Enfermarias em U (1900-1901), também apresenta notáveis características inovadoras para a época.
Estabelece uma separação clara dos arejados dormitórios, ventilados com chaminés, nas astes do U, face aos espaços de apoio na base do U. Altera assim a disposição tipo Nightingale, possibilitando a vigilância a partir de um dos extremos dos dormitórios. O pavimento é constituído por lajes e vigamentos em betão armado, uma solução construtiva precoce a nível internacional.
4. Telheiro para o Passeio dos Doentes (1894-1895), em madeira, ferro e telha, da autoria do arquitecto J. M. Nepomuceno, é uma construção única no país e rara internacionalmente, de grande dimensão mas elegante e bem integrado na envolvente, representando a humanização proporcionada pelo passeio diário dos doentes nos jardins, ao ar livre.
5. Cozinha (1906), com cobertura piramidal para extracção de fumos, constituída por sofisticada estrutura de 33 esticadores e 33 amarrações, ajustáveis, suportando as cargas, e conferindo estabilidade, quer à cobertura, quer às paredes exteriores mestras.
6. Poço e Tanque da Quinta de Rilhafoles, exemplar muito raro de equipamento de uma quinta, hoje no centro da cidade, utilizados sucessivamente, ao longo dos séculos, nos trabalhos agrícolas da quinta, do convento e do hospital.

Opinião recebida em Debater Lisboa – Em defesa do património assistencial, cultural, histórico, simbólico e urbano da Colina de Santana e dos Hospitais Civis de Lisboa

Parecer enviado Cristina Moisão, pelo Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos

INTRODUÇÃO
Entende o Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos que na Colina de Santana seja mantida uma matriz relacionada com o bem comum da população de Lisboa e com a histórica ligação à Saúde que esta área tem tido ao longo dos últimos séculos. Para o cumprimento desses objectivos importa compreender o espaço urbano num contexto multidisciplinar, nomeadamente
1.Apoio à população residente no centro histórico de Lisboa nos cuidados de saúde, com a manutenção de uma unidade assistencial hospitalar de proximidade e integrada, com uma unidade de Cuidados Continuados, em estreita conexão com os Cuidados Primários de Saúde.
2.Manutenção de um pólo de estudo das Ciências da Saúde, aproveitando sinergias entre a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, o Instituto de Medicina Legal e as unidades assistenciais de saúde – Cuidados Primários, Unidade Assistencial Hospitalar e Unidade de Cuidados Continuados. Estas estruturas beneficiariam certamente com a instalação, na proximidade, de um núcleo empresarial de investigação em Ciências da Saúde. Seriam também complementares a um futuro hospital universitário da Universidade Nova/ Faculdade de Ciências Médicas, planeado para a zona oriental de Lisboa.
3.Manutenção e desenvolvimento do núcleo habitacional e comercial desta área geográfica da cidade, numa ambição de contrariar o êxodo da população para as zonas periféricas, devido em grande parte à carestia dos valores imobiliários e à carência de estruturas de apoio comercial e social, imprescindíveis à habitabilidade do centro histórico da cidade de Lisboa. O rejuvenescimento habitacional e comercial, com estruturas de serviços (creches, escolas, museus, bibliotecas, jardins, e outras áreas públicas) não pode criar guetos sociais, nem condomínios com ou sem muros, nem destruir as características e personalidade desta zona histórica da cidade.
4.Preservação do património histórico relacionado com a Saúde, criando com esse objectivo um Núcleo Museológico com um forte programa de actividades educativas para a saúde, dirigido especialmente à população jovem e estruturas que ofereçam capacidade de executar investigação histórica com meios técnicos e instalações adequadas, desenvolvendo um polo educacional, patrimonial e turístico ligado à saúde, em convergência com os objectivos do Plano Estratégico Nacional do Turismo. A criação de uma Biblioteca e Arquivo Histórico da Saúde é também uma necessidade há muito sentida, existindo agora uma excelente oportunidade e locais para a sua instalação.

ESTADO ACTUAL DO PATRIMÓNIO
Após a explanação dos objectivos gerais supra-citados, compete ao Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos debruçar-se com particular atenção sobre o tratamento do património conectado com a evolução histórica das ciências da saúde. Verifica-se a existência, por um lado, de um elevado valor patrimonial dos imóveis sitos na Colina de Santana, e por outro lado, um não menos desprezível valor de bens móveis relacionados com a saúde.
É assim essencial a preservação, estudo e disponibilização para uso público deste património, como também é indispensável preservar a herança assistencial, técnico-científica e simbólica da Escola do Hospitais Civis de Lisboa, herdeira e representante da História da Medicina Portuguesa, desde os seus primórdios.
1.Bens Imóveis classificados: Edifício Principal do Hospital de São José (Imóvel de Interesse Público); Capela do Hospital de São José (Monumento Nacional); antiga Igreja do Convento de Santa Marta (Imóvel de Interesse Público); Igreja do Convento dos Capuchos, boca da cisterna e todas as dependências decoradas com azulejos incluindo claustro e escadaria nobre (Imóvel de Interesse Público); Balneário D. Maria II e Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda (Conjunto de Interesse Público); Campo Mártires da Pátria incluindo suas vizinhanças de interesse histórico, artístico ou pitoresco (Imóvel de Interesse Público). Estes imóveis encontram-se ainda numa área geográfica urbana contendo outros locais inventariados na Carta Municipal do Património.
2.Bens móveis: o património histórico móvel da saúde encontra-se disperso por diversas instituições, geralmente em instalações deterioradas e diminutas, com escasso apoio técnico para proceder a inventariação e salvaguarda, com deficiente exposição pública e uma quase nula exploração turística. Na realidade, o acervo patrimonial encontra-se disponível ao público apenas em pequenas mostras temáticas e temporárias ou algumas visitas guiadas ocasionais, impedindo o acesso público generalizado a nacionais e estrangeiros e carecendo de uma divulgação turística adequada

PROPOSTA DO NÚCLEO DE HISTÓRIA DA MEDICINA DA ORDEM DOS MÉDICOS
Entende o Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos que, num momento em que se discute o destino futuro da Colina de Santana, com propostas de alienação dos edifícios hospitalares e de encerramento de unidades de saúde plenas de património móvel a preservar, se deverá formular uma proposta de preservação desse património, com o objectivo de o tornar patente ao público e de constituir uma mais-valia turística para a cidade de Lisboa.
A existência actual do Museu do Ministério da Saúde (“Museu da Saúde” com o pólo de Lisboa nas instalações do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, de Malariologia no CEVDI de Águas de Moura e já com projecto de renovação no Porto), do Museu Sá Penella (sito no Hospital dos Capuchos), Museu do Hospital Miguel Bombarda, Museu Mac Bride (Hospital de Santa Marta) e de acervo variado distribuído pelos vários hospitais da Grande Lisboa, não vai de encontro à exposição pública que o riquíssimo espólio merece. Este património, que se encontra na totalidade sob a tutela do Ministério da Saúde, é público e público deverá permanecer.

Assim sendo, seria desejável a instalação, num dos edifícios da Colina de Santana e aproveitando o riquíssimo património imobiliário existente, de um verdadeiro Museu da Saúde com instalações suficientemente amplas e recursos humanos capacitados, que permitissem a inventariação, catalogação, restauro e permanente exposição pública do património móvel, assim como o apoio a actividades de investigação histórica. A existência de um Museu da Saúde com estas características iria de encontro à oferta pública de um bem público, num espaço público, podendo tornar-se em mais um dos motores de desenvolvimento educacional e científico e certamente de crescimento da oferta turística da cidade, onde a História da Medicina e da Saúde Portuguesas estivessem condignamente representadas.

Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos
Lisboa, 10 de Fevereiro de 2014

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