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Rastreio de varizes em Canidelo

Autora: Maria João Gonçalves, Interna da Formação Específica em MGF na USF St. André de Canidelo

 

A doença venosa é crónica, evolutiva e muito prevalente. Atinge 2 milhões de mulheres com mais de 30 anos, sendo que em Portugal afeta cerca de 30% da população adulta. O rastreio desta doença na nossa população é essencial!

A Doença Venosa Crónica (DVC) é uma patologia que resulta da insuficiência venosa consequente a alterações da parede e das válvulas existentes nas veias. O termo “varizes” corresponde a veias superficiais, dilatadas e tortuosas e é englobado na DVC.

Esta doença leva ao aparecimento de sintomas típicos como dor ou desconforto das pernas (muitas vezes agravada pela permanência de pé durante longos períodos e aliviada pelo repouso com os pés elevados). O aspeto das pernas pode alterar-se e nomeadamente, para além da presença de pequenas veias dilatadas (conhecidas como “derrames” ou “raios”) ou de varizes propriamente ditas, pode estar presente edema e alterações tróficas.

Quando a DVC não é identificada e/ou tratada atempadamente, pode originar um elevado impacto socioeconómico e diversas complicações.

Rastreio da Doença Venosa

A divulgação do Rastreio de Varizes, uma ação de voluntariado organizado em parceria pela Paróquia de Canidelo, USF St. André de Canidelo e Junta de Freguesia de Canidelo, foi realizada, pessoalmente, na USF St. André de Canidelo, pela Drª Maria do Sameiro Caetano Pereira, médica especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular. Foi pedida a colaboração de toda a equipa profissional da USF, através da entrega aos utentes de um folheto alusivo ao evento. As inscrições para o Rastreio deram início a 4 de agosto de 2017, sendo gratuitas e de carácter obrigatório, com vista a uma melhor organização. Na preparação e no apoio no dia do Rastreio estiveram também implicados, elementos da Junta de Freguesia de Canidelo e dos diferentes Grupos Paroquiais.

O convite foi aceite com muito agrado por alguns dos internos de MGF da USF de St. André de Canidelo que demostraram vontade em integrar e participar neste projeto.

O Rastreio de Varizes foi realizado a 2 de setembro de 2017, com início por volta das 8h30, no Centro Social e Paroquial de Canidelo. No dia do rastreio todos os utentes foram observados por um médico interno ou especialista de Angiologia e Cirurgia Vascular que, usando um equipamento de Eco Doppler portátil, avaliou a existência ou não de refluxo venoso. Com o apoio dos médicos internos de MGF, foi também preenchido um questionário acerca da existência de sintomas da doença, como dor, sensação de pernas cansadas e/ou pesadas, bem como observados sinais como edema, alterações da cor da pele ou mesmo úlcera venosa.

No final, os utentes foram consultados pela Drª Maria do Sameiro Caetano Pereira, que realizou um relatório individual para referenciação hospitalar ou acompanhamento pelo Médico de Família, consoante a situação clínica em causa, a necessidade de intervenção cirúrgica e o tipo de intervenção, clássica ou endovenosa.

Rastreio das Varizes – importância na comunidade

O objetivo primordial deste rastreio foi sensibilizar os utentes de Canidelo e arredores para a existência de uma doença que afeta grande parte da nossa população.

Ao longo do rastreio, a maioria dos utentes mostrou ter conhecimento acerca da elevada prevalência no sexo feminino, contudo, a equipa médica sentiu necessidade de reforçar a existência de outros fatores de risco associados ao surgimento da doença, como a idade, os antecedentes familiares, a obesidade, o sedentarismo e hábitos de vida. Nesse dia, o contacto próximo com a população permitiu-nos divulgar essas e outras informações que consideramos essenciais. Foi transmitido que a DVC é mais do que um “problema estético”, podendo originar com a sua progressão, além de incómodo ou incapacidade, complicações graves, o prejuízo da qualidade de vida e a abstenção ao trabalho, interferindo significativamente nos domínios social, profissional e também psíquico.

Na minha opinião este dia foi fundamental para todos os profissionais de saúde que lidam com esta patologia e possuem interesse em aprofundar e melhorar os seus conhecimentos sobre a prevenção e tratamento da DVC.

O diagnóstico precoce é um processo-chave para evitar a progressão para complicações mais graves, como o aparecimento de úlceras venosas, a trombose venosa ou o tromboembolismo pulmonar.