O plano de vacinação e as incongruências do mesmo são, indiscutivelmente, o tema da semana. Na sequência da demissão do ex-coordenador da task force, Francisco Ramos, e da sua substituição pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, a TVI 24 abriu um painel, no dia 3 de fevereiro, para analisar os recentes desenvolvimentos.
O bastonário da Ordem dos Médicos foi convidado no programa conduzido por José Alberto Carvalho, onde considerou que o novo coordenador vai ter “uma missão difícil pela frente”. Isto porque, explicou, apesar de no primeiro dia da vacinação (27 de dezembro) tudo ter corrido bem, graças às lideranças que existem nos grandes Centros Hospitalares que participaram nesse processo, desde então “não há nenhum dia em que não se conheçam situações anormais”.
Pedindo “transparência” e rigor, Miguel Guimarães realçou que “as orientações deveriam ter sido mais claras desde o início, à semelhança do que foi aconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Comissão Europeia”. “Não pode haver dúvidas de quem é e não é prioritário”, afirmou, relembrando a regra “80-80-80” que define a meta da OMS de vacinar, na primeira fase, 80% das pessoas com mais de 80 anos e 80% dos médicos e restantes profissionais de saúde.
O bastonário explicou o motivo destas prioridades serem claras: “a mortalidade em pessoas com mais de 80 anos ronda os 14%”, ou seja, estamos a falar das pessoas mais frágeis. Já em relação aos médicos e outros profissionais de saúde, “são eles que cuidam de todos nós” e, se adoecerem, “não vamos poder continuar a tratar dos doentes”, neste caso tanto os doentes COVID, como os doentes não COVID. Esta foi a “ética utilitária” assumida pela maioria dos países.
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Plano de vacinação precisa de “liderança forte”
O bastonário da Ordem dos Médicos afirmou à agência Lusa que o plano de vacinação contra a COVID-19 precisa de uma “liderança forte”, considerando que a demissão do seu coordenador, “por si só”, não garante que o país entre no “bom caminho”.
“O plano de vacinação é um dossier crítico para a recuperação do nosso país como um todo e para os serviços de saúde em particular, pelo que precisa de uma liderança forte, um plano e organização exemplares, associados a uma excelente operacionalização, uma comunicação transparente, regras objetivas, ouvindo os parceiros institucionais e quem está no terreno”.