Comunicado Conjunto dos Colégios da Especialidade de Medicina Geral e Familiar e de Psiquiatria
Recentemente surgiu uma reportagem televisiva relacionada com a prescrição de antidepressivos com afirmações que importa esclarecer e desmistificar. É importante ressaltar que tais declarações podem ser mal interpretadas e prejudicar a confiança na competência dos profissionais de saúde que diariamente dedicam-se ao bem-estar dos pacientes.
Estas alegações infundadas sugeriram que os médicos de família possuem conhecimento insuficiente sobre antidepressivos. Queremos sublinhar que os médicos de família são profissionais altamente qualificados, com formação sólida em farmacologia e terapêutica, incluindo o uso adequado e seguro de antidepressivos. A prescrição destes fármacos é feita de acordo com normas clínicas bem estabelecidas e baseadas em evidências científicas atuais.
Além disso, é falso sugerir que os médicos de família não têm consciência dos potenciais efeitos secundários dos antidepressivos. Faz parte da responsabilidade profissional dos médicos de família informar adequadamente os doentes sobre os benefícios e os riscos associados a qualquer tratamento prescrito. Mantemo-nos atualizados com as mais recentes informações e recomendações sobre segurança e eficácia dos medicamentos psicotrópicos.
Importa salientar que a doença mental é muitas vezes desvalorizada a nível social, mas também individual, por vezes associada a estigmas infundados. Neste contexto, receamos que mensagens como a que foi passada possam desmotivar pessoas com problemas do foro mental a abordar esse assunto nas consultas com o seu médico de família ou de cuidados de saúde primários, com complicações imprevisíveis para a saúde individual, familiar e comunitária. Assim, apelamos a todos os utentes para que confiem nos seus médicos assistentes e que não se inibam de abordar este tipo de problemas com os mesmos.
É fundamental compreender que a abordagem dos problemas do foro mental é muitas vezes colaborativa e interdisciplinar. Os médicos de família, quando necessário, trabalham em estreita colaboração com os médicos psiquiatras e outros profissionais de saúde, como psicólogos, para garantir uma gestão abrangente e coordenada da saúde mental. Valorizamos a contribuição da psiquiatria como especialidade, reconhecendo a sua competência no tratamento de doenças mentais complexas, assim como o papel da psicoterapia e outras abordagens não farmacológicas quando indicadas.
Queremos reiterar o nosso compromisso em fornecer cuidados de saúde da mais alta qualidade e em promover a educação e a conscientização sobre questões relacionadas à saúde mental. Estamos sempre disponíveis para responder a perguntas e discutir opções de tratamento de maneira transparente e acessível.
Agradecemos a confiança que depositam em nós enquanto continuamos a trabalhar em prol da saúde e do bem-estar de todos.
Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar
Colégio da Especialidade de Psiquiatria