O recente anúncio da potencial abertura de 2 novos cursos de medicina tem originado muito debate na sociedade. Interpelada pelos jornalistas, a Ordem dos Médicos não podia deixar de evidenciar a mais óbvia realidade: Portugal não tem falta de médicos, não tem falta de cursos de medicina nem de estudantes de medicina ou recém licenciados. O que o nosso país precisa é de medidas imediatas que consigam atrair e reter esses médicos para o Serviço Nacional de saúde (SNS), onde efetivamente há carência de especialistas. Os números não mentem: nos últimos 25 anos passamos de 4 para 13 cursos de Medicina, de 700 novos alunos por ano para 2065. Isso traduz-se num aumento de mais 10.271 novos médicos disponíveis, na próxima década, o que é mais que suficiente para cobrir as necessidades que o governo relata de que o SNS precisa de mais 3.000 médicos.
Tal como a Ordem dos Médicos tem evidenciado, a ideia de formar mais médicos é uma proposta que nada ajudará o SNS a melhorar a sua competitividade, eficácia e capacidade de atrair, motivar e reter os recursos humanos médicos de que tanto precisa e que os nossos cidadãos merecem. “Por exemplo: temos sensivelmente 2 mil médicos especialistas em Ginecologia e Obstetrícia em Portugal mas no SNS só estão 760. Não há uma falta de médicos em Portugal, o que há é falta de médicos no SNS”, frisa o Bastonário.
“Formar um médico especialista demora 13 anos. Se tudo corresse bem, os primeiros médicos dos 2 novos cursos propostos seriam especialistas em 2039… O país tem médicos suficientes, o SNS é que não os consegue atrair, algo que precisa ser corrigido agora, não daqui a 20 ou 30 anos!” – afirma de maneira clara o representante dos médicos, Carlos Cortes.