O Plano de Vacinação contra a Covid-19 arrancou há um mês e meio e elegeu os profissionais de saúde como o primeiro grupo prioritário. Contudo, decorrido este tempo, muitos médicos continuam por vacinar, enquanto se assiste ao arranque da vacinação noutros grupos que não estavam inicialmente previstos. Esta situação é inaceitável e representa também um entrave no acesso dos doentes a cuidados de saúde, pelo que a Ordem dos Médicos lançou esta semana uma petição pela vacinação imediata dos médicos, sendo o bastonário o primeiro subscritor.
A petição conta já com mais de 9000 assinaturas. As prioridades definidas pela OMS e pela Comissão Europeia, e que foram também assumidas pela DGS, não estão a ser cumpridas. Os profissionais de saúde continuam longe de estarem todos vacinados. De resto, o mesmo acontece com os portugueses com idade igual ou superior a 80 anos.
“A transparência e a equidade são críticas num plano que queremos ver bem-sucedido e que é essencial para a retoma do nosso país, desde a saúde à economia. As vacinas devem ser administradas estrategicamente e não ao acaso. A vacinação deve cumprir as premissas para poder reduzir a mortalidade, a morbilidade e a pressão nos serviços de saúde e foi por isso que os profissionais de saúde e os idosos foram considerados prioritários”, lembra o bastonário da Ordem dos Médicos.
“Não vacinar o médico é expô-lo a um risco acrescido de contágio, mas é também impedir que, em caso de infeção ou contacto de alto risco, os doentes desse mesmo médico tenham as suas consultas, exames ou cirurgias. Não vacinar um médico pode prejudicar os seus doentes por verem os seus cuidados de saúde interrompidos”, reforça Miguel Guimarães que, ainda assim, acredita que “com a nova coordenação da task force será possível voltar a colocar o plano no bom caminho”.
Em relação aos mais velhos, a petição sublinha que o grupo dos cidadãos com 80 ou mais anos de idade devem ser também prioritários por serem aqueles em que a taxa de mortalidade por Covid-19 é inequivocamente mais elevada (cerca de 14%). O mesmo texto insiste que “corrigir a condução política errática e em ziguezague do dossier das vacinas Covid-19 é, neste momento de crise, uma decisão prioritária. Não podemos continuar a empurrar o país para uma situação ainda mais crítica ao nível da saúde dos doentes Covid e não Covid”.
“Pedimos respeito, rigor, transparência e equidade no processo de vacinação. Vacinar todos os médicos, de acordo com as prioridades definidas a nível nacional e internacional, é uma questão de ética e de justiça. Preservar a saúde de quem tem o dever e a competência de salvar vidas é defender o interesse público e a saúde do país”, insiste a petição.
Lisboa, 13 de fevereiro de 2021